segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A 240 METROS DE PROFUNDIDADE, POÇO MATA A SEDE DE 500 PESSOAS...

FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Uma lata dágua na zona rural do semiárido baiano pode ser conseguida com uma légua de distância ou 6 quilômetros para os pouco afeitos à linguagem do homem do sertão. E a lata vai, normalmente, equilibrada na cabeça. Mas para os moradores do assentamento de Baixão, em Banzaê, esse desafio foi mais angustiante. A água que hoje brota nas torneiras, mata a sede das mais de 300 famílias e até ajuda a irrigar as pequenas plantações vêm do solo. De um solo profundo, que muitos diziam não ter uma gota dágua embaixo, mas que a persistência dos técnicos da Cerb mostrou que vale sempre acreditar. Os primeiros 100 metros de perfuração foram só de expectativa. Os 100 seguintes de uma certa ansiedade e tensão. 200 metros já tinham ficado para trás e o solo continuava seco e rochoso. Mas a sonda continuou avançando. 210, 220, 230 e finalmente 240 metros. E a água afinal brotou. Brotou abundante e limpa. Pronta para o consumo humano. Pronta para matar a sede de toda uma comunidade. Gente sofrida, mas jamais descrente. Gente que apostou na promessa do governador Jaques Wagner de levar água a quem tem sede mesmo numa área tão seca como o semiárido e a caatinga, e cumpriu. Os 500 moradores da localidade conhecida como Assentamento de Baixão, em Banzaê, vivem hoje um novo tempo. A comunidade encra-vada na região do semiárido do Nordeste da Bahia sofria com a falta de água potável, mas agora essa situação mudou. A Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia (Cerb), por meio do Programa Água para Todos, concluiu a perfuração de um poço tubular de 240 metros de profundidade, com água de excelente qualidade e uma vazão de 72 mil litros de água por hora. Essa vazão permite a utilização do poço para irrigação comunitária, visando o aumento da renda dos pequenos produtores rurais. Com esta obra, a Cerb alcança a marca de 1.500 poços perfurados na zona rural da Bahia.Da meta estabelecida para os quatro anos de governo, dentro do Água para Todos, a Cerb já cumpriu 83,3 % no segmento de perfuração de poços. Isso significa que, dos 1.800 poços previstos, a empresa já perfurou 1.500 em dois anos. Foram perfurados praticamente cerca de dois poços por dia. Nesse ritmo, a meta poderá ser ultrapassada em 25%. O poço tubular de número 1.500, no Assentamento de Baixão, a 310 km de Salvador, foi perfurado para substituir o que estava desativado, pois salinizou e ficou sem potabili-dade. O sistema de distribuição será ampliado para atender toda a comunidade.O geólogo Osvaldo Bastos Alcântara, responsável técnico pela obra, diz que o poço foi perfurado na rocha sedimen-tar com a sonda rotativa PR-04, máquina específica para esse tipo de solo.Ao chegar a 240 metros de profundidade, foi realizada uma perfila-gem geofísica, onde foram identificados os aquíferos. Com a perfilagem geo-física executada, os perfis foram interpretados num programa computa-dorizado e elaborado um projeto do poço com cimen-tação anelar, visando produzir somente água doce.
A ALEGRIA DE QUEM VIU DE PERTO O SONHO SE REALIZAR. “Vi de perto o meu sonho ser realizado. A água saindo do poço encharcou o chão. Hoje é só felicidade em saber que essa água é muito boa e de qualidade”, diz entusiasmada dona Ivone Alves Santos, 55 anos.Já seu filho, Aroldo Alves, 25 anos, nascido e criado na região, conta que foram quase 30 dias de ansiedade aguardando a água brotar do chão. “A gente ia espiar o que estava acontecendo quase todos os dias. Ederival Pereira dos Santos, 23 anos conta que foi uma emoção muito grande. “Volta e meia eu estava lá, acompanhando o trabalho da Cerb. Quando a água, numa força tamanha, saiu da tubulação, pedi para experimentar e percebi que era muita limpa e gostosa. A água que abastecia a comunidade era muito ruim. Fiquei ansioso aguardando por esse dia. Já não agüentava mais tanto sofrimento com a falta de água potável. Achei que nunca mais ia beber água boa”. “A água encanada que antes chegava aqui não servia para nada, nem para lavar roupa. O sabão não espumava, imagine bebendo essa água todo dia. Quando tinha tempo, ia pegar água boa para beber num lugar que fica muito longe. Agora sei que tudo mudou com o poço novo. As pessoas doentes de hipertensão tomavam remédio e não adiantava nada, pois s água era salinizada”, lembra Edilma dos Santos, 44 anos.Os operários da Cerb trabalharam continuamente com as máquinas para arrancar a água que transforma a nossa vida. A partir de agora, Baixão vai ser diferente. A gente não acreditava que os engenheiros pudessem separar a água salgada da água doce, lá debaixo do solo”.O geólogo Osvaldo Alcântara conta que, a princípio, a empresa tentou recuperar o poço antigo, mas as tentativas foram em vão, pois a vazão é mínima e o material que reveste o poço estava corroído pelo tempo. Além disso, água ficou salgada e tornou a situação inviável.A Cerb resolveu, então, fazer a locação de um novo poço tubular. Na primeira etapa, o geólogo Marco Antônio Peixinho fez uma visita técnica para detectar o manancial com água potável. Foram utilizados mapas geológicos e topográficos, fotografias aéreas, GPS, bússola, dados hidrogeológicos de outros poços. Identificado o local, uma formação rochosa denominada São Sebastião, composta de arenito e folhelho, os técnicos elaboraram um projeto inicial com perfilagem e cimentação. A partir daí foi iniciado o processo de perfuração do poço. Uma equipe da unidade da rotativa, formada por cinco pessoas, chefiada pelo geólogo Osvaldo Alcântara e com o técnico em geologia Dagoberto Menezes, começou a perfuração do poço, atingindo a profundidade de 240 metros. Foram 23 dias de um trabalho incessante. No final, foi realizado o teste do poço com compressor de alta pressão.
O POÇO É O PRIMEIRO PASSO, MAS A ÁGUA PRECISA SER TRATADA E CHEGAR ÀS FAMÍLIAS.
O gerente de Perfuração da Cerb, Godofredo Correia, observa que o projeto de perfuração resulta da demanda do local. Na perfuração do poço mais raso ao mais profundo são utilizadas brocas de tamanho variado de 8,5 a 17 polegadas. Perfurar um poço tubular não é o suficiente para o homem que vive no campo. É preciso levar água potável e desenvolvimento. Inúmeros estudos são feitos pela Cerb, desde a medição da vazão do poço até a qualidade da água. Depois da captação, a água é tratada e levada através de adutoras, chegando às torneiras dos baianos que vivem na zona rural.Para a agricultora Orleide Alves de Souza, mãe de nove filhos, “a chegada da água foi o maior presente que recebi até hoje. Tiro da terra a minha sobrevivência e sei que esse poço perfurado pela Cerb deu água abundante e quem sabe, usar um pouquinho para umedecer a terra e plantar mais”.
INVESTIMENTOS AMPLIAM CAPACIDADE TECNOLÓGICA.
O ano de 2009 foi marcado por grandes investimentos na área de recursos hídricos, com destaque para a aquisição das cinco novas sondas perfuratrizes de última geração e compressores de alta pressão no valor de R$ 13 milhões. O presidente da Cerb, Cícero Monteiro, destaca que os novos equipamentos permitem a perfuração de poços de até 700 metros de profundidade, garantindo mais agilidade nas ações de combate a seca na região do semiárido. As máquinas, que já se encontram no pátio do Núcleo Regional de Feira de Santana, vão reforçar o parque tecnológico da Cerb na perfuração de poços na zona rural da Bahia. Banzaê fica a 296 quilômetros de Salvador, com parte do município em área de reserva indígena e a 42 quilômetros de Ribeira do Pombal. A origem do nome vem do primeiro morador que se chamava Zé Banzaê, de origem iraniana. O município de Banzaê foi criado pela Lei Estadual 4.485, de 24 de fevereiro de 1989, e tem uma população estimada em 13.730 habitantes.

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