quinta-feira, 15 de outubro de 2009

TOP 10 DO GP DO BRASIL: 1993, OUTRO SHOW DE SENNA...

FONTE: Bruno Vicaria, de São Paulo (tazio.uol.com.br).

Brasileiro sobrevive a temporal e termina prova nos braços do povo. Depois de dois títulos em sequência, Ayrton Senna viu a McLaren entrar em um forte declínio no ano seguinte, sucumbindo à força da Williams, com seu motor Renault e a eficiente suspensão ativa.Com este carro, considerado "de outro mundo" por Senna, Mansell venceu o Mundial de 1992 com o pé nas costas, enquanto o brasileiro amargava a quarta posição, atrás do outro Williams, de Riccardo Patrese, e da Benetton do alemão-sensação Michael Schumacher.Insatisfeito, Senna chegou a flertar com a Indy _realizando um dia de testes com a Penske de Emerson Fittipaldi nos Estados Unidos_, e a se oferecer para guiar de graça pela Williams. Mas o time inglês contratou quem o brasileiro menos queria para 1993: o arquirival Alain Prost, que voltava de um ano sabático.Desta forma, o tricampeão pensou seriamente em não correr, mas foi convencido pela McLaren a disputar, pelo menos as primeiras corridas, com um contrato prova a prova. Na África do Sul, corrida de abertura da temporada, Senna alinhou com um fraco McLaren, equipado com um motor Ford V8 de geração anterior ao de Schumacher; Prost, na impecável Williams, fazia a pole com sobras e vencia da mesma forma, após um sufoco para passar Senna, que largou de forma magistral e liderou as primeiras voltas.A torcida, assim como Senna, sabia que só um milagre poderia fazer o brasileiro vencer, mas, mesmo assim, não perdeu as esperanças. Nem quando viu Prost fechar o dia com 1s8 de vantagem para Senna, terceiro, na primeira classificação, com o inglês Damon Hill, no outro Williams, entre os dois. No sábado, a diferença se manteve e o brasileiro teve de se conformar com a segunda fila, ao lado de Schumacher e atrás dos dois Williams Renault.A largada se deu com nuvens ameaçadoras rondando o circuito paulista. Prost, desta vez, manteve a ponta com tranquilidade, com Senna tomando a posição de Hill, enquanto seu parceiro, Michael Andretti, sofria um acidente espetacular com a Ferrari de Gerhard Berger na primeira perna do "S" do Senna.Prost abria para Senna, que não conseguia mais segurar Hill, cedendo a segunda posição ao inglês. Tudo corria bem até a 26ª volta, quando um temporal desabou sob Interlagos. Não se enxergava nada e estava impossível pilotar, com muitos pilotos arrebentando seus carros na reta dos boxes. Senna parou, mas Prost seguiu na pista, o que se mostrou um grande erro: no fim da reta principal, seu Williams aquaplanou e acertou a Minardi de Christian Fittipaldi, que havia rodado segundos antes. Fim de prova para o líder.Tudo isso provocou um fato inédito na F-1: a entrada do safety car à volta 32. Pela primeira vez, o carro de segurança entrou na pista _um modelo Tempra, novo lançamento da Fiat, que ficou cerca de dez minutos na pista e rendeu uma publicidade gratuita milionária à montadora_ e segurou os carros até uma condição de pista aceitável. Como a chuva parou e o sol voltou a brilhar _coisas que só Interlagos faz_, a corrida foi reiniciada na volta 38.Na relargada, Hill, que herdou a primeira posição, segurava Senna o máximo que podia, mas não esperava o golpe de mestre do brasileiro na volta 41. Na curva do Laranjinha, Senna fez que passaria por fora, mas esperou o inglês fechar a porta para jogar o carro para o lado de dentro e realizar a ultrapassagem, para delírio das arquibancadas, que já começava a acreditar em milagres.Senna fez o que podia para manter Hill atrás, travando um duelo particular com Schumacher, então quinto, pela volta mais rápida _vencido pelo alemão. Depois de quase 20 voltas, Hill cansou e viu Senna abrir vantagem e receber a bandeirada com uma diferença de 16s625. Era a segunda vitória do brasileiro em Interlagos e, com o abandono de Prost, a liderança do campeonato também caía no colo do piloto da McLaren.A torcida não acreditava no que tinha visto e, depois da bandeirada, ficou descontrolada. Ao contrário dos dias atuais, não foi possível controlar os torcedores, que passaram a invadir a pista desenfreadamente, com muitos pilotos ainda completando a volta final. Mas quem disse que o público ouvia. Em determinado momento, a reta oposta ficou tomada, e o carro de Senna sumiu na multidão.De repente, no meio daquele formigueiro humano, surge Senna, de braços para o alto, erguido pela massa, que não dava a mínima bola para os carros de trás; só queriam o tricampeão. A cena, mágica, é usada até hoje para explicar a devoção do brasileiro por Senna. Mal sabiam os torcedores que era a última vez que eles teriam um contato tão próximo com o piloto, que perderia a vida no ano seguinte.


Nenhum comentário:

Postar um comentário