segunda-feira, 19 de outubro de 2009

CADEIRA SEM COLA...

FONTE: IVAN DE CARVALHO (TRIBUNA DA BAHIA).

Depois que perdeu para João Henrique, do PMDB, as eleições de prefeito de Salvador, no ano passado, o deputado federal Walter Pinheiro parecia com seu futuro político decidido.
Quando ele foi escolhido, em meio a mudanças na administração estadual, para ser o novo secretário do Planejamento, o governador Jaques Wagner, em declarações à imprensa, descartou a hipótese aventada por jornalistas e políticos de que a vinda de Pinheiro de Brasília para a Bahia poderia indicar a preparação de uma candidatura dele ao Senado.
Na ocasião, disse o governador que, pelo que sabia – e no mínimo ele sabia tanto quanto Pinheiro, pois detinha e ainda detém o poder final da decisão –, o projeto político do deputado Walter Pinheiro "passa por 2012". Isso deixou as coisas bem claras: a estratégia de Pinheiro seria a de atuação na administração estadual – com mais visibilidade do que lhe daria nesse período o exercício de mandato de deputado federal – ao tempo em que prepararia uma nova investida para chegar à prefeitura da capital.
Na época, a declaração do governador, no contexto de uma entrevista mais ampla sobre diversos assuntos predominantemente políticos, descartou temporariamente toda a curiosidade da imprensa a respeito do futuro político-eleitoral do deputado petista – ele iria preparar a candidatura para as eleições de 2012, na tentativa de suceder a João Henrique e fim.
Mas agora a coisa ganha um pouco os contornos daquele famoso e belo filme, História sem Fim. Pois que há notícias de que o deputado Pinheiro – já com o estímulo do governador Wagner ou ainda esperando conquistar esse trunfo – vem defendendo com empenho a tese de que o PT não deve ceder aos aliados as duas vagas de candidatos a senador e a de vice, ficando apenas com a de candidato a governador. Seria magnanimidade demais e não ficam bem ao PT essas esbórnias de desprendimento.
Se já se dá como certo que cederá a vaga de candidato a vice, que pelo menos, além da candidatura de Wagner à reeleição, o partido chame a si uma das duas candidaturas a senador, no espaço que o governador chegou a anunciar reservado ao ministro Geddel Vieira Lima, do PMDB antes que se consumasse o rompimento entre este partido, o governo Wagner e o PT.
Bem, ao defender a sua tese geral, o deputado-secretário do Planejamento, ex e futuro ou ex-futuro candidato a prefeito de Salvador está, segundo garantia ontem o site Política Livre, puxando a brasa para a sua sardinha: explica aos companheiros petistas que o candidato a senador petista ideal seria ele próprio, por ter obtido forte exposição ante a opinião pública no ano passado, graças à campanha eleitoral para a prefeitura da capital.
Tudo bem, tudo bem, tenho a impressão de que ninguém passou cola na cadeira de secretário do Planejamento. Caso queira, Pinheiro se levanta, trava sua luta para ser candidato ao Senado e, vai ver, consegue. Mas se conseguir, de duas uma:
1. Pinheiro terá como companheira de chapa para a outra cadeira de senador a ex-prefeita Lídice da Mata, o que significará que o ex-governador Otto Alencar, atualmente conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, terá abandonado a idéia e mandado às urtigas (às favas seria pouco) as articulações dos que o querem disputando – e acham eleitoralmente importante que isto ocorra – uma cadeira de senador pelo PDT, integrado na coligação liderada pelo governador Jaques Wagner.
2. Pinheiro terá como companheiro de chapa o possível futuro pedetista Otto Alencar. Neste caso, terá sido dado mesmo como inexistente, como afirma o presidente estadual do PT, Jonas Paulo, o compromisso afirmado como existente pela deputada Lídice da Mata e pelo PSB. Compromisso do governador e do PT de que a ex-prefeita seria incluída na chapa da coligação para o Senado. Compromisso que, segundo Lídice e seu partido, a fez desistir de concorrer à prefeitura em 2008 e apoiar a candidatura de Walter Pinheiro a prefeito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário