segunda-feira, 5 de outubro de 2009

COISAS QUE ABORRECEM QUALQUER UM...

FONTE: Jolivaldo Freitas (TRIBUNA DA BAHIA).

Ser baiano pode ser uma bênção ou uma pecha. Aqui na Bahia acontecem coisas que é difícil de acreditar. Ainda mais se o senhor e a senhora que são viajados fizerem comparações com qualquer lugar do mundo. O baiano está cada vez mais mal educado e aquela imagem de tolerância e gentileza está indo por água abaixo. O caso é que o Estado cresceu, a pobreza aumentou, o ensino perdeu qualidade e na contramão de todos os problemas os baianos estão ficando arrogantes, prepotentes e violentos.
Ninguém dá mais "bom dia", "boa tarde", "boa noite, como vai?". Veja o senhor e a senhora que moram em edifícios, tanto faz se num conjunto residencial popular construído nos briosos tempos da Urbis ou Inocoop ou nas grandes mansões que ficam na Zona Sul, nas áreas mais abastadas e tidas como elitizadas, que ninguém conhece o vizinho. Quando todos entram no elevador fica um clima de mal-estar. Ninguém pisca, puxa conversa ou pergunta para qual andar se está indo. Parece que todos são inimigos mortais. Todo mundo morando com o inimigo.
Até mesmo uma gentileza como você estar na praia e pedir a alguém para dar uma olhada em sua sandália e camisa enquanto dá um mergulho no mar, vem sendo esquecida. Muitas das vezes a solicitação é vista como mais um incômodo. A mesma coisa é pedir para alguém ajudar a carregar as sacolas de compras. Nada de gentileza, mesmo que seja uma vovó. Cada um que se vire como pode.
Deixando de lado a falta de educação e gentileza, já que o baiano antigamente, quando qualquer pessoa perguntava onde ficava tal lugar, fazia absoluta questão de levar até lá e deixar na porta e hoje ele diz de chofre que não sabe (já ouvi baiano dizer a outro que não era daqui, só para se livrar de ter de dar a informação se o ônibus que vinha passava em tal lugar), tem coisas que estão tirando a gente do sério.
Ninguém sabe quando as autoridades conseguirão fazer com que os supermercados coloquem ajudantes nos caixas para pegar as compras e colocar nas sacolas. A falta de empenho das autoridades também irrita.
Tem algo pior que pisar em cocô de cachorro no passeio público? Pior talvez  seja levar uma cusparada de alguém que passa no ônibus, tira a bola da garganta e manda pela janela. O transeunte que desvie.
E no restaurante quando você fica levantando o dedo, chamando discretamente o garçom, para não ter de gritar e o cara passa dez vezes e finge que não vê?
Ruim também é quando o médico marca com você a consulta para as 14 horas e só vai chegar lá pelas 16 e sequer dá uma satisfação.
No cinema é um horror o cara que no meio da projeção atende o telefone e fica falando baixinho, como se o infeliz ao lado não estivesse sendo incomodado. Isso quando não deixa o celular ligado e ele toca, acende, pisca, muda de cor. Ainda no cinema tem o chato que conversa em suas costas e o outro que ao lado não para de se mexer.
A moça atende ao telefone nos melhores escritórios e clínicas da cidade e pergunta: "Quem gostaria?".
Na barraca de praia é o copo mal lavado ou o prato e talheres plásticos que você vê, sim, que foram reciclados.
As baianas que vendem acarajé ficaram preguiçosas e já não querem se dar ao trabalho de cozinhar o feijão fradinho, amassar e cozinhar os bolinhos. Preferem comprar Vitamilho para fazer o abará. E os orixás nem mandam um castigo. Sem falar que já não se tira a cabeça e o rabo do camarão. Quem quiser que desengasgue sozinho.
Nas praias, notadamente no Porto da Barra onde a PM não pisa na areia e a Guarda Municipal é desconhecida dos banhistas, até argentino está batendo bola e jogando frescobol no meio das crianças.
O Mc Donalds baiano tem os preços mais altos do planeta. Mas conseguiram chamar a atenção mundial pela morosidade no atendimento. O que era para ser fast ficou slow.
Das piores coisas é comprar um aparelho eletrônico e quando chegar em casa ver que deu defeito. O vendedor das lojas baianas nunca sabe o que fazer. Esconde os direitos do cliente e sequer indica onde tem uma assistência técnica.
Assistência técnica é para quem tem nervos de aço. Tem lojas, como a da LG da Pituba, campeã no Procon, onde a fila é maior que no INSS.
E ser atendido pelo INSS? Eu mesmo pedi a um conhecido ajuda para fazer os cálculos do meu tempo de trabalho – e olha que ele trabalha lá dentro do órgão – liguei várias vezes e ele enrolando: "A moça que entende do assunto está de férias, foi ter neném. " – "O rapaz não veio, choveu em Narandiba".. Até desisti de me aposentar.
Quer ver algo extremamente irritante: quando alguém guarda lugar para outro, seja no teatro, cinema, fila de banco, atendimento do SUS ou na fila de ônibus. Mas, nada pior do que andar pela cidade, tanto faz de transporte coletivo ou automóvel, em dia de chuva. Nem precisa ser chuva forte. Parece que todo mundo pisa no freio, fica com medo ou fica cego. A cidade vira o caos.
Vou parar por aqui que a lista é longa e não quero irritar o senhor nem a senhora com minha prosopopéia e mau-humor.

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