quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O DEUS LULA E A SANTA DILMA...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

Acho que foi o próprio governador Jaques Wagner quem alertou o presidente Lula sobre a falta de entusiasmo do eleitor baiano com relação a candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao Palácio do Planalto. Na visita dela no último final de semana a Salvador e mais duas ou três cidades do interior, onde assinou ordem de serviços e prometeu a descida dos anjos para a salvação da população mais carente de nosso território (não lembro de Dilma ter falado em Deus. Não precisava. O Homem está confortavelmente instalado em Brasília e tem em dona Marisa uma espécie de braço direito). Não é necessário ser comentarista político para entender que assistimos a uma grande e imperfeita (nem todo mundo engoliu o blablablá da senhora) encenação cuja meta é torná-la conhecida do grande público. Dilma foi à Igreja do Bonfim, templo ao qual moro praticamente a 50 metros. Confesso, porém, que não vi e nem senti seu vestígio. Ouvi falar que ela passara pela Colina Sagrada em torno de sete horas da manhã.
Não seria injusto comigo mesmo para me levantar àquela hora. Não porque sofro da síndrome do bicho preguiça, mas porque eu sou a preguiça em pessoa. Além do mais se tivesse mesmo de bater um papo avançado com alguém não seria com a ministra, mas com o Senhor do Bonfim, que não é de contar segredos nem tampouco os pedidos e as preces a ele dirigidos. O que me chamou atenção na visita não foram os discursos entediantes que somos obrigados a ouvir e ler. Sabia, de antemão, que a preferida de Lula resumir-se-ia a falar o indispensável, incluindo algumas abobrinhas. Público não faltaria como, aliás, parece-me não ter faltado.
A "petezada" – no bom sentido – estava lá. Mas nenhum deles teve o saque político de mostrar-se politicamente não apenas para a ministra, mas para o governador, o prefeito e quem mais estiveram no cortejo. Esperto, o deputado federal Marcos Medrado espalhou faixas por toda a Avenida Dendezeiros dando boas vindas a Dilma e desejando-lhe sucesso na sua empreitada rumo à Presidência da República. Soube depois que teve petista que pediu a morte. Medrado é secretário-geral do PDT baiano e teve a delicadeza ( e a astúcia) de deixar claro para a presidenciável que não só ele enquanto parlamentar, mas seu PDT estava ali de carne, osso e faixas (óbvio) a prestar-lhe as boas vindas e a solidariedade em razão dos momentos difíceis passados por Dilma por causa de um câncer do qual ela já está curada.Afora o show à parte de Medrado, não houve nenhum fato novo. Tudo permaneceu como dantes no quartel de Abrantes. E ninguém venha para cá me dizer que o simples fato da visita de Dilma, a sua popularidade ganhou os céus. Coisíssima nenhuma. Temos de admitir, porém, que a nossa brava e intrépida ex-guerrilheira (nada contra os guerrilheiros, as guerrilhas, a luta armada e desarmada) pelo menos tentou mostrar-se menos antipática e arrogante. Também tem gente que se transforma da água para o vinho para se tornar vereador, deputado, prefeito, governador, senador e, sobretudo, presidente da República.

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