segunda-feira, 5 de outubro de 2009

POPULAÇÃO CARENTE RECEBE REMÉDIO EM CASA...

FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.

Delivery é mais um estrangeirismo originado da língua inglesa e incorporado ao dia a dia dos brasileiros. Em bom português, significa entrega em domicílio. Economia de custos e garantia de entrega no tempo certo são inquestionáveis vantagens do delivery. E essas foram, justamente, algumas das razões que levaram à utilização desse sistema, com algumas adaptações, pelo Programa Medicamento em Casa.
Assim, ao invés de pizza ou outras guloseimas culinárias, pacientes de baixa renda de 32 municípios baianos recebem remédios em casa. E o que é melhor, não é preciso pagar nada na entrega. A primeira remessa de medicamentos aconteceu justamente há um ano, em 30 de setembro. O paciente recebeu o medicamento no dia 2 de outubro. Inicialmente, foram atendidos 50 pacientes cadastrados. Hoje, são 1.720.
Diabetes e hipertensão são os alvos principais da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab), que desenvolve o programa em parceria com o governo federal, por meio do Ministério da Saúde. A escolha não é aleatória. São patologias que, quando não tratadas, levam a uma série de outros problemas de saúde. E no caso da Bahia, Estado de maioria negra, a hipertensão atinge 25% da população.
O agravamento da diabetes pode levar a problemas renais, neurológicos, cegueira, de circulação sanguínea e, até mesmo, a amputação de pés. Já a hipertensão acusa, entre suas consequências, problemas cardíacos e acidente vascular cerebral (AVC). Ao possibilitar o acesso aos medicamentos de doenças crônicas, o Medicamento em Casa evita problemas maiores, que podem ser minimizados com atenção básica de saúde.
Um percentual elevado de ocupação das UTIs deve-se a doenças crônicas e suas sequelas, observa a superintendente de Assistência Farmacêutica, Ciência e Tecnologia da Sesab, Gisélia Santana Souza. Com a implantação do programa, é ampliada a capacidade de atendimento dos hospitais para casos mais complexos e que demandam a internação. Sem contar que os pacientes têm a comodidade de receber os remédios em casa e a custo zero.
Mais recentemente, o programa incorporou também anticonceptivos e preservativos para atender demandas do planejamento familiar e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Se o público de diabetes e hipertensão é, basicamente, de meia idade, agora também entram no programa mulheres e homens em idade fértil. A meta é beneficiar 10 mil pessoas até o final de 2010.
Para obter o benefício, o paciente tem que ser referenciado pela Estratégia Saúde da Família (ESF), que deve cobrir 40% da população do município, e atendido numa Unidade Saúde da Família (USF). Hoje, a parceria da Sesab está estabelecida com 32 prefeituras. Em Salvador, o Centro de Referência Estadual de Assistência ao Diabetes e Endocrinologia (Cedeba) é responsável pelo acesso ao programa.
PACIENTE RECEBE REMÉDIO PARA 3 MESES.
O paciente recebe, a cada remessa, medicamentos para três meses de uso contínuo. Antes de vencido esse período, é previamente agendada nova consulta, quando o médico renova a prescrição. Isso garante a continuidade do tratamento. Nos municípios, uma equipe treinada cadastra e lança os dados na internet. O sistema é automaticamente alimentado e dispara o envio dos remédios pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT).
O software empregado foi desenvolvido pela Coordenação de Modernização Administrativa da própria Secretaria da Saúde. Uma espécie de central de logística funciona na unidade dos Correios no shopping Sumaré, na Avenida Tancredo Neves, em Salvador. Lá, uma equipe da Sesab acompanha a separação, acondicionamento em embalagem própria, etiquetagem e envio dos medicamentos. A entrega é feita por um carteiro motorizado, informa o supervisor dos Correios, Reginaldo França, para quem uma das dificuldades é o endereçamento postal. Ele assegura que o carteiro indaga em bares e quitandas, pede ajuda de vizinhos, se esforça, enfim, para que o medicamento não seja devolvido. "Sabemos como isso é importante para a vida das pessoas", ele diz, para complementar: "Ficamos gratificados por ajudar a quem precisa".
Em média, o paciente recebe a encomenda num prazo de 72 horas. As remessas ficam cadastradas no sistema on line dos Correios, o que possibilita o acompanhamento pelo site www.correios.com.br .
A experiência baiana é a primeira de âmbito estadual. No Rio de Janeiro, iniciativa semelhante começou em 2002. Outra cidade que já implantou o programa é Diadema, São Paulo.
O programa também estimula a frequência dos pacientes às unidades de saúde, pois há a exigência do controle médico e avaliação a cada três meses. Não se trata, portanto, de simplesmente entregar o remédio. "O paciente deve ter um quadro estável, crônico, e o remédio ser de uso contínuo. A inclusão se dá a partir da rede básica de saúde e uma das nossas diretrizes é o uso racional do medicamento, com prescrição adequada, acompanhamento da adesão ao tratamento e avaliação do quadro do paciente", ressalta Gisélia Santana.
A preocupação com o acesso da população aos medicamentos também levou o governo do Estado, por meio da Sesab, a investir na criação da Rede Baiana de Farmácia Popular do Brasil. Até 2006, funcionavam na Bahia 35 unidades da Farmácia Popular do Brasil, sem a participação do Estado. As unidades vinculadas ao Estado já são 26, com mais uma em implantação e outras cinco já aprovadas. Assim, a população baiana conta hoje com uma rede de 61 unidades da Farmácia Popular do Brasil.
A iniciativa, segundo o secretário da Saúde, Jorge Solla, demonstra o destaque da área farmacêutica dentro da estratégia do governo em priorizar os cuidados com a saúde da população. Outra medida de médio prazo é o retorno da produção pública de medicamentos a partir da construção da primeira unidade de uma nova Bahiafarma, proporcionando uma substancial economia doméstica. A Rede Baiana de Farmácia Popular do Brasil acumula, até 31 de agosto passado, 379.177 usuários atendidos, todos com registro.
Cada paciente que recorre a uma farmácia popular gasta em média R$ 4,66. Ou seja, em 2008 no Estado foram 330.494 atendimentos, que geraram um faturamento de R$ 1.540.714,59. Para se ter uma ideia da importância econômica da farmácia popular, basta comparar o custo com a rede privada. O tratamento de um quadro de hipertensão arterial com Hidroclotiazida (25 mg) e Captopril (25 mg) fica em R$ 38,47/mês ou R$ 461,70/ano.
Na farmácia popular, o paciente desembolsa apenas R$ 3/mês ou R$ 36/ano para ter o mesmo tratamento. E isso vale para qualquer cidadão, independentemente de classe social, desde que com a prescrição médica. Tratar um quadro de dislipidemia (aumento de colesterol e triglicérides) com Sinvastina custa R$ 91,20 na farmácia popular, enquanto na rede comercial o gasto é de R$ 578,27/ano. Ou seja, 90% do custo são subsidiados pelo governo.
MEDICAMENTO DE ALTO CUSTO NO PROGRAMA.
O Estado investiu R$ 19,23 milhões no ano passado na compra de medicamentos voltados para a atenção básica em saúde, que envolve 127 medicamentos. Já na área de medicamentos de alto custo, o investimento compartilhado com o governo federal chegou a R$ 101 milhões, sendo a maior parte (R$ 58 milhões) do governo estadual. Paralelamente a isso, foi editada a Relação Estadual de Medicamentos Essenciais (Resme).
A publicação faz parte das ações para garantir o acesso e o uso racional de medicamentos pela população baiana. Trata-se de uma lista de medicamentos essenciais, que atendem à quase totalidade das necessidades terapêuticas das doenças conhecidas. Ou seja, um instrumento importante para nortear os prescritores e gestores nas compras do Sistema Único de Saúde (SUS).
Outra iniciativa importante é o registro de preços num banco de dados que fica à disposição dos gestores dos hospitais da rede pública e unidades de saúde. A superintendente de Assistência Farmacêutica, Gisélia Santana, estima que, com essa ajuda, a expectativa é de uma redução de até 30% nos gastos com medicamentos. A economia permitirá ao Estado direcionar mais recursos para outros serviços essenciais e reequipamento das unidades.
SÃO CAETANO TEM UNIDADE MOVIMENTADA.
Inaugurada em dezembro de 2007, a unidade de São Caetano do Programa Farmácia Popular do Brasil é a mais movimentada de Salvador. No ano passado, foram 33.072 atendimentos. E até setembro deste ano, os atendimentos já chegam a 21.157. A compra só pode ser efetuada com receita e a farmácia tem uma equipe de farmacêuticos e estagiários para orientar os clientes.
A farmacêutica Marcela Sales lembra que a exigência é uma forma de combater a automedicação, estimulando o uso racional do remédio. Os preços baixos dos medicamentos é outro atrativo da rede, que atende a qualquer pessoa que porte uma receita. A diferença de preços pode chegar a 19 vezes mais, como é o caso do Enantato de Noretisterona + Valerato de Estradiol (seringa de 1 ml), que custa R$1,13 na farmácia popular e no mercado atinge a R$ 21,98.
A satisfação dos clientes é facilmente constada. O músico George Bacelar, por exemplo, aponta a vantagem do preço, o que é confirmado pela recepcionista Alessandra Novais. Já a comerciante Regina Moreira, também cliente da unidade de São Caetano, destaca a orientação de um profissional: "Nas outras farmácias nunca conseguimos falar com o farmacêutico".
Regina usa Azatioprina, medicamento que compra na farmácia popular desde o ano passado. As unidades da Farmácia Popular do Brasil funcionam de segunda a sexta-feira, das 8 às 18h, e aos sábados das 8 às 12h.
DIABETES MELLITUS.
Quando não tratada adequadamente, causa doenças tais como infarto do coração, derrame cerebral, insuficiência renal, problemas visuais e lesões de difícil cicatrização, dentre outras complicações.
Embora ainda não haja uma cura definitiva para o diabetes, há vários tratamentos disponíveis que, quando seguidos de forma regular, proporcionam saúde e qualidade de vida para o paciente portador.
A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 240 milhões de pessoas sejam diabéticas em todo o mundo, o que significa que 6% da população tem diabetes.
A hipertensão arterial (HTA) ou hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma das doenças com maior prevalência no mundo moderno e é caracterizada pelo aumento da pressão arterial, tendo como causas a hereditariedade, a obesidade, o sedentarismo, o alcoolismo e o estresse.
A sua incidência aumenta com a idade. No Brasil, estima-se que um em cada cinco habitantes seja portador dessa patologia. A hipertensão é seis vezes mais freqüente em indivíduos de meia-idade e idosos do que em jovens.
é uma doença metabólica caracterizada por um aumento anormal da glicose ou açúcar no sangue. A glicose é a principal fonte de energia do organismo, mas em excesso pode trazer várias complicações à saúde.

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