terça-feira, 20 de outubro de 2009

SOBROU ATÉ PARA OS MAÇONS...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

Desiludido, cabisbaixo, prestes a se enforcar num pé de coentro, o mau caráter do meu sobrinho definitivamente tornara-se um suicida. Chegou a culpar Deus por seu infortúnio. No seu diário, quase delirando, colecionou um rosário de impropérios contra o governador Jaques Wagner, o prefeito João Henrique, o ministro Geddel Vieira Lima. Sobrou até para mim. Tudo porque o vagabundo nunca conseguiu um emprego público que lhe desse a oportunidade de ficar rico de um dia para o outro. Antes do suspiro final, o desgraçado, para decepção minha, diz ter sido salvo por uma luz vibrante que lhe impediu de puxar a corda que o levaria direto para o inferno. Pessoalmente, tive de recolher os fogos de artifícios que comprara com dificuldade para agradecer a todos os santos a partida definitiva do indecente do meu sobrinho.
Não sei de onde ele tirou a ideia de procurar socorro na Maçonaria. Disseram-lhe tratar-se de uma associação de caráter universal cujos integrantes se irmanam em torno da filantropia, da justiça social, da liberdade, democracia e igualdade. Pensei comigo mesmo: tenho amigos maçons e preciso, o quanto antes, alerta-los sobre o risco que correm caso venham acolher o moleque (no mau sentido), o ladrão, o marginal do meu indesejável e asqueroso parente. Antes, porém, que pudesse antecipar-me, o capadócio já estava de altos papos com figuras imponentes da Maçonaria baiana. O despudorado chegou ao cúmulo de apresentar-se como sendo parente de maçons. Disse que seus ancestrais vinham de uma linhagem de séculos passados e que lhe ensinara os princípios básicos da Maçonaria. Foi mais além o falsário. Para convencer os incautos e proporcionar um ar de veracidade na sua fala explicou, inclusive, que sendo uma associação "iniciática", utiliza diversos símbolos dos quais apenas alguns são geralmente conhecidos.
Foi o bastante para o degenerado do meu sobrinho parecer encantador e verdadeiro. No fundo, o imbecil queria apenas, literalmente, roubar os que ele clamava ser seus novos amigos. Meu desespero aumentava porque o famigerado sobrinho era capaz de qualquer atitude para ludibriar e lesar quem quer que fosse. Queria aproveitar-se da bondade e do espírito fratel dos maçons para surrupiar-lhes os cartões de crédito, cloná-los, raspar cada centavo e fugir para Brasília, terra que ele diz amar, embora não cite os motivos de tamanha adoração. Ele, o meu sobrinho, vislumbra-se só em estar no centro do poder. Sei que o psicopata acredita que a classe política ( ou boa parte dela) está engatinhando e andando contra a população. Se eles, os políticos, matam e morrem por dinheiro farto, meu sobrinho faz muito pior. Quando ainda menino seu costume era tirar doce de crianças e meter a mão nos bolsos das calças do pai para catar o que achasse pela frente.
Teve a cara de pau de solicitar seu ingresso na Maçonaria e exigiu uma cerimônia pomposa. Antes, porém, fez uma avaliação completa dos bens que poderia sutilmente dar sumiço para vender a preço de banana em qualquer lugar. Para o seu desconsolo não encontrou nada. Mesmo assim, o inqualificável do meu sobrinho deu alguns golpes em Casas Maçônicas e hoje é procurado pela polícia. Algo me diz que ele está na capital federal lambendo os pés de algum figuraço ou, como faz amiúde, puxando o saco de políticos de quinta categoria na tentativa de aplicar um novo golpe, não mais nos maçons, que para o meu sobrinho são gente boa mas poderiam ser ricos e até milionários, o que não ocorre. Daí o seu único interesse é juntar-se à marginália falsamente conceituada no País, a exemplo dos homens de Brasília e ficar por lá até que encontre o carcere como sua derradeira morada antes de ir juntar-se ao diabo que o carregue.

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