quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A TRIBUNA E A POLÍTICA...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

Da primeira edição da Tribuna da Bahia e nos 14 anos seguintes fui editor de Política deste jornal. Mais adiante, exerci a mesma função por mais cinco anos e atualmente – desde 1997 – sou seu colaborador como articulista político. Isto me põe em situação privilegiada para fazer uma avaliação da influência do jornal, que hoje completa seus 40 anos, na política da Bahia.
Esta situação privilegiada só é limitada, creio, pelo espaço restrito que tenho para abrigar este artigo e que será o mesmo dos próximos, numa tendência mundial da imprensa para a síntese e a abordagem do essencial, o que atende ao interesse dos leitores, cada vez mais atarefados com o fazer e o viver e determinados a disputar cada momento do seu tempo. Então, vamos ao tema, antes imposto pela feliz ocasião do que escolhido pelo autor. Quando foi inaugurada, nestes dia e mês de 1969, a Tribuna da Bahia encontrou-se ante uma situação bastante lamentável na imprensa baiana. Não que esta não tivesse méritos. Mas era inegavelmente uma imprensa do passado, que entre outras coisas vivia de modo mais ou menos intenso, de acordo com cada um dos seus veículos (falo dos veículos impressos), uma espécie de concubinato com o poder estatal e, de um modo mais amplo, com a política. Isto porque se um jornal não estava comprometido com os interesses políticos oficiais, ele praticamente se aliava à oposição, podendo-se dizer, com uma certa ironia e só um pouco de exagero, que faltava apenas adotar o nome de partido para integrá-la formalmente.
A Tribuna da Bahia nasceu com outro conceito. O veículo buscava independência e identidade próprias, uma objetividade que a imprensa baiana, na época, tinha dificuldade em impor ao seu noticiário, especialmente ao político, buscava a humanamente possível imparcialidade e isenção. Conseguir estas coisas foi bastante facilitado pelo fato de o fundador do jornal, Elmano Silveira Castro, ser um empresário idealista que, inclusive, renunciou a outros empreendimentos para dar prioridade total à empresa-jornal.
O outro elemento facilitador na fase inicial foi a aquisição, para o projeto do jornal e sua execução, do idealista, abnegado e talentoso jornalista Quintino de Carvalho, vindo de um centro de imprensa muito mais avançado na época, o Rio de Janeiro, e que quis formar uma equipe nova, evitando ao máximo o recrutamento de profissionais entre os que já atuavam na Bahia. Com isto, conseguiu facilitar muito a implantação dos novos modelo e estilo de imprensa que pretendia. A semente germinou e tivemos a colheita. Jornais do velho estilo morreram. Outros foram inteligentes e se renovaram. Isto mudou muito – precisa ainda mudar mais – a relação entre poder e política, de um lado, e imprensa, de outro. E esta foi uma das grandes contribuições da Tribuna da Bahia à sociedade baiana.

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