sábado, 12 de dezembro de 2009

MEIO AMBIENTE E OSTENTAÇÃO DA RIQUEZA...

FONTE: *** ÚLTIMA INSTÂNCIA.
REFÚGIO – O aquecimento global, as mudanças climáticas, as chuvas torrenciais fora de época, que têm causado sérios problemas no sul e no sudeste do Brasil, a seca que assola o norte do país, com a falta de água para as necessidades mais básicas da população na região amazônica, tudo isso tem despertado interesse e servido de tema para reportagens nos mais diversos veículos da mídia. É o efeito do aquecimento global no Brasil.
Enquanto isso, o interesse mundial também se concentra no encontro promovido pela ONU, em Copenhague. Reúne dezenas de países, seus chefes de Estado ou de Governo, além de outros representantes. Tudo voltado, exatamente, para a discussão do efeito estufa, suas causas, conseqüências e, ainda, o que pode ser feito para reduzir o problema.
O que cada um, individualmente, poderia fazer para ajudar?
Observando-se o comportamento de alguns segmentos da população, verifica-se que há descaso, desinteresse e até atitudes flagrantemente contrárias à tendência que se busca.
A indústria automobilística brasileira se destaca no mundo, fabricando veículos dos mais diversos tipos e modelos variados. Tem prestígio internacional, o que é comprovado pelas exportações de veículos fabricados no Brasil para os mais diversos países.
No entanto, ocorre um fenômeno interessante, que chama a atenção.
Notadamente nas cidades menores e naquelas de porte médio (tomo Natal como exemplo) há uma tendência ao uso de veículos importados.
Apesar de haver modelos de fabricação nacional iguais ou assemelhados, os novos ricos e aqueles que sequer são ricos (novos ou antigos), mas são exibicionistas, procuram ostentar riqueza, circulando em veículos importados. Geralmente são caminhonetes de cabine dupla, imensas, circulando como veículo de passeio e que apenas são usados para levar e trazer os seus proprietários ao trabalho. Ou servem para conduzir as madames aos salões de beleza e aos shoppings. Circulam apenas com uma pessoa, apesar de dupla cabine, e a caçamba jamais é utilizada. Em outros casos são aqueles imensos veículos, conhecidos no exterior como SUV (sigla em inglês para veículo esportivo utilitário) também usados para transportar somente o motorista e, muito raramente, mais um ou dois passageiros.
É evidente que há, apenas, o interesse em exibir riqueza e poder. Há um paradoxo, todavia.
Ora, se o intuito é a ostentação, como se explica que nos veículos sejam, habitualmente, instaladas películas escuras nos vidros, de modo a não permitir que se visualize quem está no seu interior? Observe-se que as películas, geralmente, são mais escuras do que é permitido pela legislação.
Mas, o que tais veículos têm com o problema do aquecimento global? Têm, sim! São veículos que têm consumo exagerado de gasolina. Além disso, não são adaptados para o uso alternativo de álcool, como ocorre atualmente com a maioria dos veículos de fabricação nacional. Contribuem, dessa forma, para o desperdício e para o aquecimento da atmosfera.
Não se duvida que tais veículos são caros, até porque os impostos (quando importados legalmente e não através de contrabando, o que não é raro) incidem em percentuais elevados, em alguns casos até superiores à metade do preço de compra-e-venda.
Considerando-se o uso desnecessário de tais veículos, ante a existência de similares nacionais, bem como levando-se em conta o fato de contribuirem para o aumento da poluição ambiental, algo deve ser feito. Seria aconselhável que o governo elevasse a tributação a percentuais altíssimos (algo como 500% do preço), como forma de reduzir as importação desnecessárias e, ainda, contribuir para o menor consumo de gasolina.
Ao mesmo tempo, ainda com o intuito de contribuir com a campanha contra o aquecimento global, seria elogiável a adoção de incentivos para que a indústria automobilística brasileira passasse a se interessar pela fabricação de veículos híbridos ou movidos inteiramente a eletricidade.
Certamente não haveria maiores dificuldades de natureza técnica, uma vez que, as matrizes de algumas das marcas estrangeiras existentes no Brasil, em seus países de origem já desenvolveram a tecnologia. Já há algum tempo, fabricam e comercializando veículos híbridos ou elétricos, que usam quantidades mínimas de derivados de petróleo.
Afora tudo isso, ainda teria o efeito educativo, contribuindo para reduzir o exibicionismo exagerado

*** Josué Maranhão é jornalista e advogado aposentado. Iniciou-se como jornalista no Nordeste, na década de 1950. Atuou durante 15 anos, tendo exercido diversas funções em redações de jornais. Formado em direito pela UF-RN, advogou em Natal e foi juiz em Recife, nos anos 1960 e 70. Em São Paulo, trabalhou como advogado durante mais de 20 anos. Mudou-se para o exterior em 1996. Morou na Indonésia e na Malásia. Reside em Boston (EUA) desde 1998, quando voltou ao jornalismo. É autor de Jacarta, Indonésia, Fazer a América e Um Repórter à Moda Antiga, todos à venda na Livraria Última Instancia.

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