segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

MENINGITE NA BAHIA NÃO É CASO PARA PÂNICO...

FONTE: Noemi Flores (TRIBUNA DA BAHIA).
Com o aumento do número de casos de meningite no estado, já somam 1.195 infectados, 126 óbitos, sendo 48 deles em Salvador. A preocupação com a doença tem tomado conta da vida dos baianos que a temem, mas muitos não sabem exatamente o que é a meningite, quais os tipos, como se adquire e qual a forma de se evitar o contágio. O infectologista Roberto Badaró, PhD em Imunologia e Doenças Infecciosas, professor livre docente da Faculdade de Medicina da Unifesp, São Paulo, e professor adjunto-doutor da Universidade Federal da Bahia, esclarece a população sobre a doença e alerta para que não haja pânico porque ainda não há epidemia no estado.
De acordo com o especialista está havendo muita confusão em uma doença epidêmica (incidência, em curto período de tempo, de grande número de casos) e endêmica (restrito a uma determinada área). Não quer dizer que estamos em epidemia, não precisa este pânico todo”. A recomendação do infectologista é de que tão logo apareçam os sintomas: febre e dor de cabeça a pessoa deve procurar imediatamente um médico. “A gente vê logo o sinal e esta é uma doença que pode ser tratada com antibiótico, até mesmo a penicilina”, explicou.
Badaró admite que há uma situação muito grave da meningite meningocócica que é a chamada meningocemia, doença que possívelmente atingiu o jornalista Luciano Camacan, 23 anos, recentemente falecido. Neste caso, segundo o infectologista “a doença é mais forte porque a bactéria atinge o sangue e ataca todos os vasos sanguíneos. Aí são os casos fatais”, lamentou.
Porém o médico enfatiza que mesmo este caso grave tem cura se tratado nos primeiros sinais dos sintomas e fala da época (década de 70) de grande epidemia na Bahia. “Tratei de centenas, vários casos de pessoas que chegavam até de outros países”, recordou, acrescentando que nestes casos os pacientes devem ser atendidos com urgência, não podem ficar esperando quatro a cinco horas que pode ser fatal. A triagem do paciente deve ser feita o mais rápido possível.A respeito de locais que se pode infectar, o especialista explicou que o contágio da doença se dá de forma oral, quando as pessoas estão muito próximas uma da outra. “Pode acontecer em aglomerações, em shows, em elevadores lotados, onde as pessoas ficam muito próximas”, sinalizou.
O QUE É MENINGITE?
A meningite é uma doença que consiste na inflamação das meninges, membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinhal. Pode ser causada, principalmente, por vírus ou bactérias. O quadro das meningites virais é mais leve e seus sintomas se assemelham aos da gripe e resfriados. Entretanto, a bacteriana, causada principalmente pelos meningococos, pneumococos ou hemófilos, é altamente contagiosa e geralmente grave.Para este tipo de meningite existe uma vacina, no entanto para a maioria da população, a imunização para o tipo mais grave da doença só é possível na rede particular. Quem está fora deste grupo de risco, tem que recorrer à rede particular que custa, em média, R$ 120. Porém, nesta semana o governador Jaques Wagner anunciou a disponibilização de 1,5 milhão de vacinas, para crianças de três meses com recursos de R$ 30 milhões do Estado e do Ministério da Saúde.
EPIDEMIA.
Enquanto a vacina gratuita não chega é grande o número de pessoas, com medo de epidemia, que correm aos postos da rede particular para vacina, principalmente crianças menores, mesmo desembolsando quantias enormes para quem tem maior números de filhos, mas não querem correr o risco de ver seus filhos perderem a vida por uma doença fatal se não tratada a tempo, como a meningite bacteriana.Quem acompanhou a epidemia de meningite na década de 70 bem sabe do sofrimento e pânico das pessoas em relação à doença até que o governo militar da época mandou produzir as primeiras vacinas polissacarídicas contra esses meningococos e a vacinação em massa da população controlou a epidemia. Antes o País já tinha tido uma epidemia na década de 20, mas nos anos 70 a meningite meningocócica (causada pelo meningococo, uma bactéria com 3 sorotipos – A, B e C) voltou, e também em vários países de outros continentes, como epidemia: Europa (Portugal, Espanha, Reino Unido, entre outros), Ásia, África e Oceania. Em 1973, a epidemia causada por vírus A e C chegou ao Brasil com o foco principal em São Paulo, mas com casos também no Rio de Janeiro e Salvador, inclusive os Jogos Pan-americanos de 1975 seriam em São Paulo, mas tiveram que ser cancelados.
TIPOS DE MENINGITE.
Há dois tipos principais de meningites - virais e bacterianas. Os agentes infecciosos como: Micobacteryum tuberculosis (bacilo da tuberculose), fungos e protozoários também podem provocar a doença. De acordo com especialistas, as virais são as mais frequentes e a evolução é muito boa, com cura e sem sequelas, na maioria dos casos. As meningites bacterianas são as mais graves com taxa de letalidade variando de 10 a 30% dos casos, dependendo do tipo de bactéria que causou a infecção. A meningite meningocócica que é causada pelo meningococo, uma bactéria com 3 sorotipos: A, B e C. As sequelas são mais frequentes que nas virais, principalmente surdez e outras alterações neurológicas. As meningites bacterianas (principalmente as meningocócicas) são responsáveis por surtos e epidemias, pois são transmitidas de pessoa a pessoa através das secreções respiratórias (saliva, espirro, etc).
VACINAS.
O Calendário Nacional de Imunização inclui as vacinas BCG, que previne a meningite tuberculosa, a Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola), que previne a meningite pelo vírus da caxumba e a Haemophilus Influenzae tipo b (HIB) que previne a meningite por este agente. Os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIES), que existem em todos os estados brasileiros, são disponibilizadas outras vacinas (como a meningocócica tipo C e a pneumocócica) para pessoas portadoras de maior risco para aquisição da doença ou para doença grave, conforme Protocolo do Ministério da Saúde e mediante relatório médico. Há também vacinas contra bactérias que causam meningite (Haemophilus Influenzae tipo B (HIB) e pneumococo.
SINTOMAS.
Os sintomas são parecidos com os da gripe, dengue e viroses.Febre alta, dor de cabeça e pescoço duro são sintomas comuns da meningite em pessoas acima dos 2 anos de idade. Esses sintomas podem se desenvolver em várias horas, ou pode levar de um a dois dias. Outros sintomas podem incluir náusea, vômito, desconforto ao olhar para luz brilhante, confusão e perda de sono.Em recém-nascidos e bebês, os sintomas clássicos de febre, dor de cabeça e pescoço duro podem estar ausentes, ou difíceis de serem detectados. O bebê pode apenas parecer lento ou inativo, ou estar irritável, ter vômitos, ou alimentando-se mal.
VÍRUS OU BACTÉRIA.
Saber se a meningite foi causada por vírus ou bactéria é importante porque a gravidade da doença e tratamento diferem. Meningite viral é geralmente menos grave e cura-se sem tratamento específico, enquanto a meningite bacteriana pode ser muito séria e resultar em danos ao cérebro, perda de audição ou dificuldade de aprendizado. Para a meningite bacteriana também é importante saber que tipo de bactéria a causou porque antibióticos podem prevenir alguns tipos de se espalharem e infectarem ouras pessoas.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO.
Diagnóstico e tratamento precoces são muito importantes. Se aparecerem os sintomas, a pessoa deve procurar um médico imediatamente. O diagnóstico é geralmente feito ao cultivar bactéria de uma amostra do fluido espinhal. A meningite bacteriana pode ser tratada com antibióticos eficientes. Porém, é importante que o tratamento comece cedo.
CONTÁGIO.
Alguns tipos de meningite bacteriana são contagiosos. A bactéria espalha-se pela troca de secreções respiratórias e da garganta (tosse, beijo). Felizmente, nenhuma bactéria que causa meningite é tão contagiosa ao ponto de se espalhar apenas ao respirar o ar onde uma pessoa infectada esteve.

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