quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A MOÇA DA SUCOM E A SOVINICE DO PREFEITO...

FONTE: Jolivaldo Freitas (TRIBUNA DA BAHIA).

Exatamente às 23 horas de sábado passado para o automóvel com a logomarca da Prefeitura Municipal do Salvador, na lateral das portas, e descem em plena Ladeira da Barra duas moças elegantes: vestidas para festa. Pensei que diabos faz um carro do município despachando perto da meia noite duas moças distintas, na porta de uma festa? Na hora pensei: quero meu alto IPTU de volta. Vou pedir ao prefeito para me ressarcir o ISS. Eu pagando e a galera se divertindo. E nem me convidam para a festa.
E a festa comendo no centro, como se diz na Bahia. O som na estratosfera e eu nem podia assistir o filme água com açúcar que passava na Sky. Primeiro voz e violão, depois uma salsa e depois eu já não ouvia nada pois os vizinhos começaram a me cobrar:
- Você que se diz jornalista e escritor, não tem nenhum colega que venha fazer uma reportagem desta poluição sonora? Eu disse que me deixassem em paz e que ligassem para a Sucom, que acho eu, é responsável pelo controle do som e daquilo que o povo passou a chamar de Lei do Silêncio, que aliás briguei pelos jornais e ajudei ao ex-vereador e hoje deputado Javier Alfaya, isso lá nos tempos da prefeitta Lídice da Matta, a aprovar o projeto e transformar em lei.
O povo jogou na minha cara que eu estava era com má vontade uma vez que estavam tentando falar com a Sucom e não havia jeito de atenderem e uma vizinha me lembrou que a moça que faz a festa trabalha na Sucom e não dá o exemplo e que de nada adianta chamar a Sucom porque ela dá um carteiraço na cara dos agentes, que são seus colegas e fica tudo como está. - Veja – disse uma vizinha – agora até mesmo tem carro oficial trazendo convidado para a festa. Imagine se algum agentezinho vai ter coragem de peitar a moça.
Respondi:
- Olha os termos que a senhora usa!
- Meu filho, deixe de ser frouxo - ela retrucou “e vá lá na festa usar de sua autoridade de jornalista”. Voltei a responder:
- Minha senhora jornalista não é autoridade. Ele apenas pode denunciar o abuso e eu sei que a Ladeira da Barra pega fogo quando esse pessoal da casa ao lado, decide fazer festa pessoal ou aluga o velho casarão desbotado para comemoração. Mas fazer o quê?
- É por isso que Salvador é apontada como a capital brasileira do barulho. Ninguém toma conta – retrucou.
Eu expliquei que é difícil um organismo como a Sucom atender a todos os chamados de uma noite de sábado, pois são mais de 2 mil chamados por período e não existe carro suficiente para levar os agentes.
Claro – me disse ela já revoltada e falando alto por causa do barulho que vinha da festa e já ia pra lá de meia noite – os carros que poderiam estar atuando ficam sendo usados para dar carona a convidados.
Calei a boca e já ia me retirando quando outra senhora me pegou pelo braço e disse:
- Vê se denuncia no seu jornal. Pelo menos isso. E aproveite para dizer que o prefeito João Henrique é sovina. Tirou iluminação de Natal da avenida Centenário para economizar pisca-pisca. E deixou a avenida Oceânica às escuras só com uma árvore chinfrim no Cristo.
Pensei o que tinha a ver as luzes de Natal que faltaram na Barra com poluição sonora. Coloquei um protetor auricular e fui dormir. Nem vi a que horas a festa da moça que trabalha na Sucom terminou. Já acostumei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário