terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O BICHO ESTÁ PEGANDO...

FONTE: IVAN DE CARVALHO (TRIBUNA DA BAHIA).

Há uma certa bagunça no PMDB. Isto não é nenhuma novidade e vem dos tempos de seu predecessor, o antigo MDB, que teve “partido” acrescentado ao seu nome por decreto imperial de um dos generais-presidentes da República da segunda fase autoritária republicana.
O general presidente de plantão – não vou cansar a memória para lembrar qual era – e sua base militar não estavam contentes com as simpatias que o MDB andava conseguindo, ao contrário da Arena, base congressual e eleitoral do governo, que apesar das tendências governista e adesista da maioria dos políticos tupiniquins, tupinambás e tamoios (salvam-se apenas os tapuias, eu acho) murchava no coração do povo.
Resolveram então aplicar a solução tradicional – tirar o sofá da sala, perdão, mudar os nomes dos dois partidos existentes, limitação bipartidária também imposta por anterior decreto imperial, não de um general, não senhor, mais respeito, de um marechal, Humberto de Alencar Castelo Branco, nome imponente o suficiente para compensar a ausência de pescoço.
E cheio de cultura e amor pela cultura, no sentido próprio do termo, sem erro, que não sou dado a ironias para misturar cultura com curtura. “Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”, como depois ensinou o bravo líder petista senador Mercadante, aquele do renuncio, e renuncio mesmo, mas não renuncio mais, porque o Lula me pediu.
Eu já sabia que (pelo menos na aparência, sem descer às profundezas da matéria e dos espaços) uma rosa é uma rosa, mas a descoberta do senador petista sobre a natureza das coisas me deixou maravilhado e estupefacto. Ou estupefato, pois temos governantes que se esmeram em aperfeiçoar por decretos ou acordos internacionais a ortografia que o povo vai criando através da história para seu próprio uso, não para os governantes.
É verdade que a linguagem alternativa criada por Lula, não a do acordo ortográfico, é inigualável. Mas por que fui eu, meu Deus, me meter com idioma em um artigo político? Acabei ficando mais perdido do que cego – perdão, Ivan, pessoa com necessidades especiais (?!) – em tiroteio.
Respeitando a natureza das coisas, volto à política. Não adiantou tirar o sofá da sala. A Arena mudou seu nome para PDS, mas o MDB foi esperto o suficiente para acrescentar somente um P de partido antes de sua sigla. E Ulysses Guimarães, aquele da Ilíada e da Odisseia brasileiras, pronunciava de forma característica – P...MDB. O P ficava assim como o cocô do cavalo do bandido. Mas o que importava dizer, se é que importava mesmo, porque, a essa altura deste artigo, já não importa mais, é que no PMDB o bicho está pegando.
Normal, sempre pega, mas o partido pega sempre muito mais. Três correntes, a governista, a contrária à coligação com a oposição e a que propõe a “candidatura própria” do governador do Paraná, Roberto Requião. Que desde ontem passou a servir de muleta para a corrente que quer evitar a coligação do partido com o PT para apoiar a candidata do Palácio do Planalto a presidente, ex-mestra e ex-doutora Dilma Rousseff. Nenhuma surpresa – o P.... MDB, ex-MDB, sempre foi assim.

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