quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O BURACO DA EMBASA E O DE MARIA...

FONTE: Jolivaldo Freitas (TRIBUNDA DA BAHIA).

Foi muita coincidência: instantes depois de moradores das ruas Ceará e Luiz Henrique, no Alto de Coutos, subúrbio ferroviário, me ligarem lá no site Notícia Capital para dizer que há mais de um ano a Embasa abriu um buraco, que foi sendo regado pela chuva e de tão fortalecido chegou a se transformar numa cratera que agora lá está querendo engolir a ponte, casas, galinhas poedeiras e gente. Era uma ex-vizinha de quando eu ainda morava no centro da cidade, coroa bonita de alcunha Maria Pôr do Sol – chamada assim pela mania que tem de ir ao final da tarde para qualquer ponto da cidade para ver o sol se esconder por trás da Ilha de Itaparica. Aliás, vício conseguido pelos longos anos de menina e adolescente passados na Ponta do Humaitá.
O que Maria queria dizer é que estava revoltada com Adamastor Mão de Algodão Doce, famoso dentista – e não o chame assim que ele não gosta; diz que estudou muito, ralou, sofreu e cheirou litros de resina para poder ser chamado de odontólogo – alcunhado pelo apelido açucarado por ser uma pena seu trato com brocas e alicates.
Maria estava quase enlouquecendo de dor e não conseguia falar com nosso cirurgião. Pior, disse ela, é que ele mesmo é que tinha de refazer o serviço. Fizera uma barbeiragem em seu molar, a obturação caiu e ficou um buraco do tamanho do da Embasa.
Pelo que parece, e ela não me confirmou depois e nem achei até hoje Adamastor, o homem estava era se escondendo, pois tinha telefone em casa, no consultório, dois celulares e em nenhum conseguia falar com ele.
– Chato Jolivaldo – desabafou – é que quando ele quer umas coisas comigo (não perguntei quais seriam essas coisas, pois não quero me meter na vida dos outros, bastando já me imiscuir em muitas, por dever de ofício) ele deixa recado e qualquer um número que eu ligue ele já pronto e de prontidão para atender. Fiz uma brincadeira que me arrependi, dizendo que pior era o buraco do pessoal lá de Coutos, pois ela retrucou que cada um que cuide do seu buraco e queria aproveitar, já que eu estava sendo engraçadinho, para dizer que parasse de falar de buracos na cidade porque eu iria gastar penas e mais penas, tintas e mais tintas, papel e mais papel e eu respondi que ela era mesmo velha, hem!, pois agora tudo era feito e escrito em teclado de computador, aparecendo na tela; e ela foi grossa, proferindo um palavrão que não vou revelar, pois não é coisa que uma balzaquiana possa dizer, mas disse, e explicou que era um figura de linguagem e que eu era mesmo muito burro.
Aproveitou para dizer que eu sou tão obtuso que nem sei o que todo mundo sabe, até João Henrique, nosso prefeito, ou seja, que não adianta colocar asfalto, pois vêm a GVT, a Oi, a Embasa, a Coelba e até barraqueiros ou donos de banca de revistas e furam o chão para fazer suas obras ou aloguma coisa do interesse próprio e largam lá a buraqueira.
Eu respondi que ela desta vez tinha razão. “E quanto a seu amigo Adamastor, faço o quê?”, perguntou, mudando de assunto e eu disse que era bom ela procurar outro cirurgião-dentista e ela me jogou na cara: - Não sou traíra como você não. Fica doendo, mas só faço com ele. E trate de achá-lo pra mim. Quem entende as mulheres?

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