sábado, 5 de dezembro de 2009

O PRÓXIMO, POR FAVOR...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

Chegamos ao topo da democracia. PT, DEM, PMDB e PSDB podem, enfim, darem as mãos e abraçar o imenso fosso da corrupção cravado bem no centro do poder do país. Brasília está em festa. Quatro dos principais partidos políticos brasileiros uniram-se em torno do grandioso, majestoso, eloquente e porque não proclamar (como diria Odorico Paraguaçu) socialmente distribuído mensalão. Todos eles ( e outros mais) sempre tiveram seus mensaleiros. Agora, para a felicidade da pátria mãe tão distraída, resolveram se mostrar tal como vieram ao mundo: nus, mas dispostos a adaptar os cuecões com compartimentos capazes de acolher não apenas pintos, mas ovos recheados e encobertos de dólares e de reais suficientes para multiusos no mundo vil e indecente da política. Resta saber agora quais as próximas legendas a juntarem-se à prática podre e intolerável, mas institucionalizada graças à certeza da impunidade e da máxima segundo a qual o crime compensa. E como compensa. O mensalão é tão velho quanto à chegada de Cabral em terras de Pindorama. Aperfeiçoou-se ao longo de mais de 500 anos e graças ao avanço tecnológico pode ser visto e espalhado pelos vídeos do mundo inteiro. Há quem defenda a classificação dos mensalões levando-se em conta os valores surrupiados por cada nobre deputado, senador ou simples autoridade pé de chinelo.
Orgulhoso, o PT se viu obrigado a assumir a paternidade da nova nomenclatura que enoja a opinião pública, mas soa como sublime para seus beneficiários. Sabe no que deu? Deu em nada, cara pálida. Mensaleiros famosos, até então arautos da moralidade e da ética – José Genoino, João Paulo Cunha e outros menos cotados - conseguiram até renovar os mandatos à Câmara Federal. Não se sabe até hoje, com precisão, quanto se desviou de dinheiro público para sustentar esta corja. Fala-se até em R$ 1 bilhão ou mais, envolvendo aí o conhecidíssimo valerioduto. Mas o Democratas (o nome já diz: democratas) se sentiu preterido nas falcatruas. Criou, então, o seu próprio mensalão tendo como timoneiro o ainda governador José Arruda, de Brasília, a mesma figurinha deletéria que, junto com o falecido ACM, violou o painel do Senado. Calcula-se que a bondade de Arruda no socorro aos amigos e políticos corruptos e ladrões como ele tenha deixado um rombo de R$ 400 milhões. Arruda, que não é flor que se cheire e cujo chá é contra-indicado para as pessoas íntegras, envolve também agora o PMDB.
O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, com aquela cara de santinho aprumado, é acusado de receber uma bolada fruto do dinheiro do mensalão e das maracutais do DEM. Por fim, os tucanos têm também seu protagonista nesta horrenda história. O senador e ex-governador mineiro Eduardo Azeredo acaba de ser considerado responsável pelo mensalão no seu Estado quando o comandava. Qual será o próximo partido a habilitar-se a meter a mão no bolso do contribuinte otário?

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