segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

ROUBO SOCIALIZADO...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

O Brasil é um país contraditório. Não há novidade na observação. Mas há um traço marcante no perfil desta terra continental que poucos teem a sensibilidade de perceber. Falo da nossa identidade com o socialismo. Talvez seja a nossa maior característica, embora o capitalismo seja oficialmente a nossa marca registrada. Insisto, pois, no socialismo como uma espécie de grade de proteção, se bem que, como tudo acontece nesta terra de Vera Cruz, só as parcelas mais privilegiadas do povo sabem – ou imagem que sabem – o que é socialmente justo para as suas castas. O PT, por exemplo, assustou quando inovou com o mensalão. Tudo bem, era uma roubalheira só, a compra desenfreada de deputados e superfaturamento até na aquisição do cafezinho. Mas o objetivo era exclusivo: a divisão, senão justa, pelo menos democrática, do fruto das falcatruas. Não erraríamos se disséssemos que o PT socializou a maracutaia. Ao seu jeito, claro.Assistimos agora o DEM a copiá-lo desavergonhadamente, levando consigo para a mesma pocilga o PT de Michel Temer. O tucanato, para não ficar de fora, revelou o seu mensalão que já vinha desde a época em que Eduardo Azeredo era governador de Minas Gerais. Temos quatro grandes partidos até aqui. Outros estão na periferia deles exercendo seu livre arbítrio e colhendo à mancheia os dólares e os reais que lhes caem dos céus. Nós, mortais comuns, consideramos esse tipo de prática um crime patrocinado por ladrões enfatiotados. Pode ser. Entretanto, na cabeça dos envolvidos em tais episódios, eles apenas estão irmanamente repartindo o pão de cada dia, apesar de saberem perfeitamente tratar-se de pão alheio. Mas esses são detalhes que eles nunca levam em conta.
Construíram seu próprio socialismo, uma confraria do mal que faz do voto a arma necessária para render o eleitor e usurpar-lhe até o último níquel. Mas, o mais curioso não para aí. O nosso varonil Brasil só tem corruptos.
Os corruptores quando aparecem são normalmente insignificantes. Não passam de gerentes, encarregados ou simples funcionários de décimo primeiro escalão de uma grande multinacional ou de um empreendimento nacional de dimensões extraordinárias. Os chefões nunca são identificados. Os poucos que tem suas caras exibidas na tevê são normalmente a “fuleiragem”, como diz a meninada. A propósito, como prender tubarões se são eles que soltam a grana para assegurar a eleição de um punhado expressivo de vagabundos? Ora, ora, este é um país socialista sim. A repartição da carga roubada pode ser até desproporcional, mas existe entre a granfinada classe encastelada em Brasília e nos palácios espalhados por Pindorama afora. O resto é pobre, faminto, essa gentinha que só perturba, contaminada de dengue e meningite, apenas para apoquentar e tirar o prazer e o relax das nossas categorias dominantes.

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