sexta-feira, 12 de março de 2010

10% DOS BAIANOS TÊM DOENÇA RENAL...

FONTE: Roberta Cerqueira (TRIBUNA DA BAHIA).

Estima-se que a Doença Renal Crônica atinja cerca 1,4 milhão de baianos, o que significa 10% da população do estado. As estatísticas são ainda mais alarmantes quando revelam que 50% destas pessoas não sabem que estão doentes porque os sintomas só se manifestam quando o rim já perdeu metade da sua função. Além de destruir os rins, a doença afeta o coração e muitos pacientes acabam morrendo por complicações cardíacas.
Para alertar a população sobre as formas de tratamento e prevenção, a Sociedade Brasileira de Nefrologia - Regional Bahia (SBN-BA), estende as comemorações pelo Dia Mundial do Rim (11/03) e realiza, hoje e amanhã, a partir das 8 horas, o 5° Encontro Nacional de Prevenção da Doença Renal Crônica, no Othon Palace Hotel, em Ondina.
Uma feira montada ontem em frente ao Elevador Lacerda, na Praça Municipal, oferecendo orientação nutricional, exames (sangue e urina), medição de pressão arterial e encaminhamento médico, além de uma sessão especial na Câmara Municipal, atraíram muita gente em busca de esclarecimentos. A médica nefrologista e coordenadora do evento, Katherine Brito, destacou a importância em obter um diagnóstico precoce. “Exames de sangue e urina são capazes de detectar a doença, que quanto mais cedo for descoberta, melhor”, reforça.
A especialista conta que, por não buscarem orientação médica, muitos doentes acabam tendo o coração afetado pela doença e morrem sem nunca terem tido acesso a nenhum tipo de tratamento.
Ela explica ainda que a maioria dos pacientes de DRC precisa passar por seções de diálise, que é uma terapia de substituição renal, já que eles não possuem os mecanismos excretores renais, mas o dados sobre a diálise na Bahia são preocupantes: “Pesquisas apontam que cerca de oito mil pessoas deveriam estar sendo submetidas á diálise, no estado, mas apenas 4.800 têm acesso ao tratamento”, diz Katherine.
Segundo ela, a má distribuição de unidades especializadas é a principal razão deste déficit. “A Bahia tem 30 unidades de saúde que fazem diálise, 12 destas estão em Salvador, enquanto a região centro-oeste do estado dispõe de um único hospital, para pacientes de diálise”, ressalta.
A enfermeira Conceição Alex explica que há duas formas de diálise, a hemodiálise, que é um procedimento extracorpóreo (fora do corpo), e a diálise peritonial, que é intracorpórea (dentro do corpo) e pode ser feita em casa. Em Salvador, os hospitais Ana Nery, Roberto Santos e Hospital das Clínicas disponibilizam aos pacientes crônicos o equipamento para a diálise peritonial.
Considerada um problema de saúde pública no mundo, a DRC atinge entre 10% e 12% da população dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. No Brasil, a doença acomete cerca de 13 milhões de pessoas – uma em cada onze pessoas – e 90% dos pacientes renais não sabem que estão doentes.
CONTROLE DA PRESSÃO E DIETA.
A professora aposentada Verônica Nascimento Amorim, 49 anos, sentia fortes dores de cabeça e inchaço no corpo, mas resistiu em buscar orientação e acabou indo parar no hospital, com uma crise de hipertensão. “Fui levada às pressas, quando cheguei lá os médicos me disseram que meu rim havia parado de funcionar”, conta ela, que já faz hemodiálise há seis anos.
Afastada do trabalho, ela cuida da casa, dos filhos e faz artesanato para vender. Três vezes por semana (segunda, quarta e sexta) Verônica é levada, ao hospital, por um veículo da prefeitura de Lauro de Freitas, para ser submetida ao procedimento, que dura, em média, quatro horas. “A hemodiálise é muito dolorosa, parece que a gente toma uma surra, quando chego em casa vou direto para a cama”, diz.
A hipertensão, responsável pela doença de Verônica, está na lista das principais causas dos problemas renais. Além da pressão arterial, o diabetes e a hereditariedade estão, com muita frequência, entre as causas.
Para prevenir, os especialistas recomendam o controle da pressão arterial, além do diabetes (em caso de portadores) e do peso. “Uma dieta com pouco sal, pouco açúcar, muitas frutas e verduras, acompanhada de atividade física regular” é fundamentais, diz Brito. Saudável.

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