quarta-feira, 17 de março de 2010

CONVIVENDO COM O PERIGO...

FONTE: Ludmilla Cohim (TRIBUNA DA BAHIA).

Com o aumento de casos de meningite no estado, a preocupação com a imunização, que só é gratuita para crianças até cinco anos, preocupa toda população, mas em especial aos profissionais da área de saúde, que não têm direito à imunização gratuita, apesar de conviverem com o risco diariamente. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), não existe projeto em andamento, nem lei, que preveja a vacinação para a classe.
Mas o problema não acontece só na Bahia. O Ministério da Saúde assegurou que em nenhum lugar do Brasil existe imunização gratuita para esses profissionais, como está sendo feita na campanha contra a gripe A.
“A vacinação não deveria ser para alguns e sim ampliada para a população em geral”, opina Anna Júlia Vasconcelos, estagiária de enfermagem do 5° Centro, Posto de Saúde Dr. Clementino Fraga. “Sei que é uma questão de custo, mas o Governo do Estado deveria estar atento porque nós, profissionais da área de saúde, temos o contato direto com o paciente”, relata.
Nem todos os profissionais da área têm condições financeiras para pagar pela vacina e se dizem revoltados com o fato de não terem sequer desconto, alegando que o risco biológico deles contraírem a doença é muito alto. “O Samu atende, em 24 horas, cerca de dois mil chamados. Acredito que temos direito e prioridade porque estamos a todo o momento lidando com pessoas com várias enfermidades, muitas até com a doença meningocócica. No pré-atendimento, realizado antes de chegar à unidade médica, muitos pacientes vomitam, tossem em cima de nós, o que sem dúvida, mesmo com máscaras e luvas, pode nos transmitir algo”, descreve uma funcionária do serviço que prefere o anonimato.
“Estamos discutindo entre os profissionais a necessidade da vacinação contra meningite porque trabalhamos com a faixa etária que mais contrai a doença meningocócica. Quando questionamos, somos informados que o Governo do Estado não dispõe de uma demanda para os profissionais de saúde”, revela uma profissional do Centro de Atenção Psico Social Infantil (Capfi), entidade situada no Rio Vermelho, que há cinco anos realiza um serviço psicológico para crianças de zero a 18 anos.
No entanto, a infectologista e diretora médica do Hospital Couto Maia, Ana Verônica Mascarenhas, acredita que a vacinação não é necessária para esses profissionais pelo fato da enfermidade não ser uma doença comunitária e não hospitalar. Segundo ela, a forma mais grave da doença não é transmitida em apenas uma hora de atendimento com o paciente.
Para ela, o necessário é estar atento à precaução, como o uso de máscaras e equipamentos de proteção. “Em março a instituição médica, que é referência em doenças infecto-contagiosas, realiza 157 anos e em toda a história nunca houve caso de profissionais da área que tenham adquirido a doença. Isso não ocorre porque eles utilizam as normas de segurança, como luvas e máscaras”, conta.
CERCA DE 120 MIL CRIANÇAS VACINADAS.
A Secretaria Municipal da Saúde já recebeu da Sesab cerca de 210 mil doses de vacina contra meningite. Dessas, 120 mil já foram aplicadas em crianças de até 4 anos. A imunização, que começou no dia 03 de fevereiro, segue até o final do ano, com a expectativa de imunizar cerca de 212 mil crianças em Salvador.
As 115 Unidades de Saúde da capital, que estão aplicando a vacina, funcionam das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira. O objetivo é controlar o aumento de casos de meningite meningocócica tipo C por meio da vacinação dessas crianças.
Em 2010 já foram notificados 164 casos de meningite na capital, sendo confirmados 28 da forma meningocócica. As maiores incidências foram registradas nos Distritos Sanitários de Itapuã (2,2), Liberdade e Itapagipe (1,7), e Cabula e Centro Histórico (1,4).

Nenhum comentário:

Postar um comentário