quinta-feira, 18 de março de 2010

MEDICAMENTO SÓ NA DOSE CERTA...

FONTE: Nelson Rocha (TRIBUNA DA BAHIA).

Você já suspendeu o consumo de algum medicamento, antes do prazo prescrito pelo médico? Se a resposta é “sim” saiba que este hábito perigoso, e relativamente comum na sociedade brasileira, pode levar ao agravamento do seu estado de saúde e até provocar efeitos colaterais. “Isso pode mascarar algumas doenças e algumas bactérias podem ficar resistentes pela suspensão da medicação”, alerta a infectologista baiana Marília Oliveira.
Conforme a médica, todo remédio para ter efeito tem que ser tomado de acordo com a regularidade, ou seja, na hora certa, na dosagem e número de dias definidos pelo médico. “O uso tem que ser conforme a prescrição médica, com o que está escrito na receita. Se o motivo da suspensão do remédio for o efeito colateral, o paciente deve retornar ao médico para trocar a medicação”, explica a infectologista Marília Oliveira, que não vê uma incidência constante de atitudes desta natureza entre os baianos.
Para a infectologista Lígia Raquel Brito, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos de São Paulo, os efeitos colaterais de medicamentos dependem de vários fatores que se relacionam com as características químicas da droga, de um lado, e com as características do organismo, de outro. “Qualquer substância que chega ao organismo, inclusive um medicamento, é submetida a uma série de reações para se ajustar às características biológicas desse organismo”, comentou. De acordo com a Dra. Ligia, o fato de se sentir bem não significa que a doença foi erradicada. “A utilização excessiva desse medicamento ou a interrupção do tratamento aumenta a resistência da bactéria, o que pode fazer com que uma pneumonia, tuberculose ou infecções urinárias evoluam para doenças mais severas, com complicações e de difícil tratamento”, alerta também a especialista paulista.
Segundo os especialistas, se um micróbio for resistente a muitos remédios, tratar a sua infecção pode ficar mais difícil ou até impossível. “Prova disso é o resultado de um estudo realizado recentemente por um grande hospital de Salvador que revela que 17% das mulheres atendidas com quadro de infecção urinária já chegam à unidade com bactérias resistentes ao principal antibiótico indicado para tratar a doença, deixando o tratamento muito mais complexo do que deveria”, destacou o presidente da Sociedade Baiana de Infectologia, Adriano Oliveira, acrescentando que alguns médicos também prescrevem os antibióticos de forma errada, porém nestes casos não se deve suspender o tratamento, mas retornar ao médico para que faça a prescrição correta. “Outro risco é no caso de tratamento de tuberculose. É muito frequente pacientes rejeitarem o medicamento logo que os sintomas da doença começam a desaparecer, quando, na verdade, a bactéria ainda está presente no organismo e facilmente pode se disseminar para outras pessoas”, observou, o farmacêutico Juscelino Nery da Conceição Filho, do Centro de Informações anti-veneno, de referência em toxicologia no estado.
Habituada a ingerir logo um comprimido, sempre que sente uma dor de cabeça, a comerciária Aline Silva, 32, já se deparou com um quadro clínico de tonturas e vômitos causado pelo consumo de três medicamentos diferentes. “Passei mal porque, sem consultar um médico, resolvi tomar os comprimidos achando que um não fazia efeito e que o outro poderia fazer. O resultado foi um mal estar que me ensinou a ser mais prudente na hora de consumir qualquer medicamento”, disse.

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