terça-feira, 16 de março de 2010

MULHERES GASTAM MENOS QUE OS HOMENS...

FONTE: Nelson Rocha (TRIBUNA DA BAHIA).

Canta o compositor popular (Paulinho da Viola) que “dinheiro na mão é vendaval”. As mulheres têm fama de gastar mais do que os homens, porque investem para acompanhar as tendências da moda. Em contrapartida, os gastos masculinos são caracterizados por bens mais caros. Esta é a conclusão a que chegaram os jornalistas Marília Cardoso e Luciano Gissi Fonseca, autores do livro “Você sabe lidar com o seu dinheiro? Da infância à velhice”, que, pelo visto, vai de encontro à crença de que o sexo feminino gasta mais do que o masculino. “A mulher é mais consumista realmente, porque é mais vaidosa. Inclusive gasta com supérfluos. Lá em casa, ele é mais econômico do que eu”, diz a economista Rosana Lemos, 37 anos, casada e assumidamente mais adepta de gastos do que o marido. “Ele tem até caderneta de poupança. Eu também já pensei em ter uma caderneta, mas as roupas, sapatos e produtos de beleza não me permitem”, admitiu, aderindo ao mito, que adquiriu status de verdade absoluta em todo o mundo, dos “exorbitantes” gastos femininos.
As entrevistas conduzidas pelos jornalistas autores da publicação mostram, ao contrário do que prega o senso comum, que os homens tendem a gastar mais porque adquirem bens mais caros; as mulheres compram mais vezes, mas gastam menos. Segundo Marília Cardoso, os homens gastam mais com tecnologia e carros, portanto, produtos mais caros; as mulheres com moda e cosméticos.
“As mulheres compram com mais frequência, mas gastam menos do que os homens. O que ocorre é que as cobranças sociais são diferentes. Enquanto os homens estão preocupados em impressionar com carros luxuosos, tecnologia de ponta e relógios caros, as mulheres desejam estar sempre lindas e elegantes. Ou seja, haja salão de beleza e banho de loja!”, detalha a jornalista.
TENTAÇÕES - De acordo com Marília, o que torna homens e mulheres iguais na gestão do dinheiro é que ambos são suscetíveis, na mesma medida, a cair em tentações consumistas. “O que muda são os produtos, mas os dois têm a mesma propensão a assumir dívidas por conta de produtos supérfluos”, afirma.
Conforme o superintendente do Conselho Regional de Economia, Bruno Pires, na Bahia nunca se fez uma pesquisa desta natureza. “O Conselho trata eminentemente de fiscalizar o exercício da profissão”, declarou, mas observou ser o assunto “ muito relativo, por que as questões de rendas, depende da demanda individual de cada um, do nível econômico social. Me parece que, em tese, o homem é mais racional na hora de gastar”, admitiu.
Luciano Fonseca, também concluiu que o perfil de gastos se iguala na juventude, assim como a propensão para o endividamento, sobretudo pela “necessidade” de se inserir em determinado grupo. “Não importa a tribo, sempre há um padrão de vestuário e consumo para cada uma delas.
A maioria dos jovens viu os pais financiarem o carro da família em intermináveis prestações, ou fazerem despreocupadamente as compras no supermercado com o cartão de crédito. Essa desenvoltura em utilizar a fartura de crédito influencia muito à atitude de ambos os sexos”, afirma Fonseca.
O jornalista cita, inclusive, pesquisa realizada pelo Instituto Akatu em parceria com a Unesco com jovens de 24 países dos cinco continentes, cuja conclusão aponta os brasileiros como os mais consumistas do mundo, ficando à frente dos franceses, japoneses e norte-americanos.
“Dos brasileiros entrevistados, 37% apontaram as compras como um assunto de muito interesse no dia a dia, sendo que para 78% a qualidade é o principal critério de compra, antes mesmo da análise do preço. Todos, homens e mulheres, se sentem obrigados a andar na moda e a ter tudo o que a tecnologia oferece de mais moderno”, salientou.
A IMPORTÂNCIA DE EQUILIBRAR OS GASTOS.
A jornalista Maria Rocha, 36 anos, casada, concorda ser a mulher mais propícia aos gastos diários. “Se tiver um cartão de crédito na mão então faz estrago, porque está sempre precisando de alguma coisa. Em casa eu gasto mais do que ele”, admite ao referir-se aos gastos do marido.
“Só não gasto com supérfluos, com coisa que não vou usar. Mas se entro numa loja para comprar uma coisa, acabo sempre levando outras”, relatou, para em seguida revelar que as despesas do casal são geralmente feitas em comum acordo. “A gente senta, anota tudo, e há uma divisão no pagamento das contas, uma cumplicidade nos gastos. Temos apenas um cartão de crédito para os dois, portanto tudo que compramos é discutido”, revelou.
No livro “Você sabe lidar com o seu dinheiro? Da infância à velhice”, lançado pela Primavera Editorial, Marília Cardoso e Luciano Gissi Fonseca mostram que o dinheiro é uma das poucas coisas que fazem parte da vida de todos os seres humanos, independente da classe social, sexo, cor e religião.
A presença do dinheiro é tão comum que poucos param para pensar o tipo de relação que têm com ele. “No livro, fizemos questão de destacar depoimentos de sucesso e de fracasso no trato com o dinheiro, justamente para despertar o interesse e a reflexão sobre o papel do dinheiro na vida de cada um, independente de sermos homens ou mulheres”, salienta Marília.O empresário Fábio Costa Pinto, 41 anos, aponta o equilíbrio nos gastos como a saída para o sucesso ou o fracasso de um casal na relação com o dinheiro. Entretanto, também acredita que “a mulher ainda gasta naturalmente mais, porque ela cuida dos filhos e da casa”. Entretanto, observa que no caso do homem solteiro, este tem mais tendência “a abrir a carteira”. Para ele, a mulher, na mesma situação de estado civil, “ é mais segura e por isso gasta menos”.

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