terça-feira, 23 de março de 2010

NA BATIDA DO MARTELO...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

O governador Jaques Wagner afirmou ontem, no programa “Que venha o povo”, do jornalista Casemiro Neto, TV Aratu, que pretende “esta semana, bater o martelo” da chapa que liderada por ele concorrerá às eleições majoritárias por uma coligação encabeçada pelo PT.
Importa muito assinalar que a afirmação foi feita em resposta a uma pergunta do jornalista sobre a aliança entre o governador petista e o senador republicano César Borges e a inclusão deste na chapa majoritária, a ser completada com os nomes do conselheiro do TCM e ex-governador Otto Alencar, que para isto se filiaria ao PP, e com a vice-prefeita Lídice da Mata, deputada federal pelo PSB.
O governador reagiu muito positivamente à integração do senador César Borges e seu partido, o PR, à aliança governista, disse que hoje ou até amanhã pretendia um contato com o senador e foi aí que observou que esta semana pretende “bater o martelo” na questão da chapa majoritária.
O que não impede de, quando bater, o martelo fazer um barulho, não digo superior ao previsto, mas superior ao desejável. É que haverá descontentes. O equilíbrio político ou ideológico (cada um use a terminologia que preferir, nessa era de ideologias mortas) da chapa acabou prevalecendo, pondo-se Jaques Wagner e Lídice da Mata num prato da balança e César Borges e Otto Alencar no outro prato. Claro que nenhum dos quatro políticos é igual ao outro, há diferenças de pensamento e de história, mas há duas duplas (Wagner-Lídice e César-Otto) que têm ideário e história mais próximos, entre seus integrantes.
Havia no PT um movimento forte – mas não dominante – para que se impedisse a participação de César Borges na chapa majoritária e nela se incluísse Waldir Pires. Claro que o saudável e, diria, já legendário ex-governador de 83 anos representava uma parte da “esquerda” do PT inconformada com o “carlista” ou “ex-carlista” César Borges. Mas o governador Wagner pensava, nos seus cálculos políticos e eleitorais – ele diz que considera favorável a posição eleitoral do governo e dele, mas que “com eleição não se brinca” – uma aliança mais ampla. Esta observação ele a teria feito a Waldir Pires, no encontro que tiveram para tratar de candidaturas ao Senado.
E foi esta a posição que “com muita clareza” comunicou à cúpula do PT da Bahia e a partir da qual “houve o debate”. Dirigentes partidários, a exemplo de Jonas Paulo, irão aprofundar esse debate ou posição junto às bancadas federal e estadual do PT, tudo muito rapidamente para que se possa “bater o martelo” logo.
Há quem, em outros partidos, ponha dúvidas quanto à adesão de César Borges à aliança liderada pelo PT. “Pode acontecer. Mas considerar fato consumado é apressado. César conseguiu paralisar o processo de composição das chapas do governo, do PMDB e do DEM-PSDB. Todos aguardam sua decisão. Há injunções de toda ordem.
E de qualquer forma haverá descontentes e isso vai resultar em críticas”, disse ontem, no anonimato, um experiente político não governista, acrescentando: “César tem que considerar a origem do seu próprio eleitorado, o que é vital, e as resistências internas no PT. Em Ilhéus, na presença do presidente Lula e do governador Wagner, o ministro Geddel, na época aliado a ambos, sofreu uma vaia organizada por Geraldo Simões, que era secretário da Agricultura de Wagner. Agora você imagine...”.Eu não vou imaginar nada. Se o senador quiser imaginar, que o faça.

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