quarta-feira, 24 de março de 2010

PACIENTES IMPACIENTES...

FONTE: Evandro Matos (TRIBUNA DA BAHIA).

A precariedade no atendimento médico em Salvador não se restringe aos hospitais públicos. Quem possui planos de saúde para garantir prontidão no atendimento enfrenta os mesmos problemas do Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos principais motivos apontados por representantes de entidades médicas é a má remuneração repassada para os médicos por parte das operadoras de saúde.
De acordo com Francisco Magalhães, vice-presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindmed), tanto os hospitais privados como os públicos enfrentam sérios problemas no atendimento. “Nos hospitais particulares, um paciente pode levar em média duas a três horas para ser atendido. Essa demora está ligada ao processo de sobrecarga dos profissionais, e isso ocorre por conta da redução do número de médicos para realizar atendimento.”
Ainda de acordo com Francisco Magalhães, “os hospitais públicos de Salvador, apesar de possuírem infra-estrutura para atender grande quantidade de pacientes, acontece uma sobrecarga no número de vagas. Eu trabalho no interior e já percebi que os municípios não investem em saúde, portanto os pacientes são transferidos para grandes hospitais daqui, o que acaba refletindo na falta de atendimento para população local. Outra questão é que os postos de saúde não funcionam a contento.”
Outro ponto lembrado pelo médico é a questão da má remuneração que, segundo ele, reflete diretamente no atendimento. “As operadoras não seguem a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), que representa a referência dos métodos e procedimentos existentes tanto no campo terapêutico quanto diagnóstico, estabelecendo portes de acordo com a complexidade, tecnologia e técnicas envolvidas em cada ato.
As entidades médicas lutam há anos para este parâmetro ser utilizado pelas operadoras de saúde, entretanto nenhum plano utilizou até hoje a classificação para remunerar os profissionais. Essa situação se reflete diretamente na precarização do serviço, não tem como investi em qualidade, quando não há remuneração adequada”, argumenta.
Enquanto isso, os clientes de planos de saúde veem suas mensalidades aumentarem constantemente, a ponto de muitos desistirem, sem que tenham qualquer contrapartida em termos de melhoria no atendimento.
UMA MARATONA PARA DAR À LUZ – Representantes de entidades médicas estão discutindo a falta de leitos de obstetrícia na cidade. Segundo o presidente do Cremeb, Jorge Cerqueira, o objetivo é encontrar soluções para resolver essa questão. “A falta de leitos obstétricos tem gerado muitos problemas, principalmente quando se trata de uma gravidez de risco.”
Cerqueira denuncia que “muitas vezes a paciente tem que percorrer vários hospitais até encontrar vaga, apesar da inauguração de duas grandes maternidades - a do Hospital Português e a de Referência José Maria de Magalhães Neto. A sensação que temos é de carregar água no cesto. Por conta disso, resolvemos retomar as discussões para que se consiga encontrar uma solução tanto por parte Estado e Município como do setor privado”, disse o presidente do Cremeb.

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