quarta-feira, 10 de março de 2010

RADICALISMO AMBIENTAL NO IMBUÍ...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

Os 80 mil a 100 mil moradores do bairro do Imbuí, em Salvador, devem ficar especialmente atentos hoje. É que, para as 17h30, está marcada pelo Ingá uma reunião, em sua sede, no bairro do Itaigara – seria mais interessante que a reunião se realizasse em algum local do Imbuí, com a presença dos moradores da área que quisessem comparecer.
A reunião será tripartite, com representantes do Ingá – órgão estadual vinculado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente e que trata de questões relacionados a água, saneamento, poluição e correlatas –, incluindo seu diretor-geral Júlio Rocha, da Casa Civil da Prefeitura de Salvador e da Construtora OAS, que realiza as obras no esgoto (ex-rio) que corta o bairro.
Desde a “outorga” para a realização da obra, o Ingá vem impondo condições que têm criado à prefeitura dificuldades e perda de tempo em busca de soluções que atendam às exigências do órgão estadual, aparentemente preocupado em “salvar” uma meia dúzia de piabas e duas ou três sucuris que vivem ou viviam nas águas do esgoto e da lagoa à qual dá vazão. Aí exigiu três respiradouros! E levantou mais algumas questões pra impressionar quem acredita em Papai Noel.
Ah, o Ingá também salvaria os milhares de ratos, milhões de baratas e, talvez, uma centena de sapos que ainda conseguem sobreviver à água imunda e fedorenta com a qual a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) jamais manifestou preocupação, ainda que fosse em consideração à saúde e aos 80 mil a 100 mil narizes dos moradores do bairro e a milhares de outros que passam por lá em trânsito, pela Avenida Jorge Amado e adjacências.
Cumpre esclarecer outra vez – pois já fiz isto antes – que piabas e sucuris não são animais em extinção, da mesma forma que ratos, baratas e mosquitos de variadas espécies, especialmente muriçocas. E que não é o Ingá, mas o CRA, o órgão estadual responsável pela preservação de espécies em extinção.
O Ingá exige – e quer saber hoje da prefeitura e da construtora se isso está sendo obedecido – que as placas com as quais o rio-esgoto a céu aberto está sendo coberto e os equipamentos que transformarão a área em espaço de lazer são removíveis. Para que sejam removidos quando as bacias de captação, as lagoas e o rio-esgoto forem resgatados à poluição absoluta em que estão. O que ocorrerá na década ou no século em que a Embasa resolver fazer isto.
Ora, o Ingá deveria ter consciência de que quase tudo é removível. Se tanto a fé quanto as mineradoras removem montanhas, porque seriam eventualmente irremovíveis placas de concreto na cobertura do rio-esgoto e alguns quiosques de alvenaria construídos sobre elas? Informa o blog Por Escrito que o Ingá pediu e obteve do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura um laudo sobre o “caráter permanente ou temporário” da cobertura do rio. Ora, até o Céu e a Terra são temporários – “Passarão o céu a e Terra, mas as minhas palavras não passarão”, explicou Jesus (e Ele sabia mais do que Julio, ainda que fosse o Caesar e não o Rocha).
Bem, quando é que o Ingá vai exigir que seja removida a cobertura do Rio das Tripas, que corre sob a Baixa dos Sapateiros? Será que, depois de tantas décadas, ainda não foi saneado?

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