quarta-feira, 10 de março de 2010

REABILITAÇÃO E ARTE DE MÃOS DADAS...

FONTE: Lílian Machado (TRIBUNA DA BAHIA).

A partir de um desenho no chão e da arte de juntar as pedras coloridas de azulejo, o sorriso e os gestos de atenção sobressaíam no rosto de Iza Victória, 7 anos. Ao juntar as peças com a ajuda de sua mãe, a enfermeira Isabella Antonieta, a menina esqueceu dos limites impostos por um tipo de deficiência física e sonhou com a liberdade.
“Ela escolheu a borboleta por amar tudo o que voa”, conta Isabella, destacando a sensação de bem-estar e interação que a tarefa oferecia às duas. A pequena Iza foi uma das crianças que participaram ontem do workshop, comandado pelo artista plástico Bel Borba, para pacientes do Instituto Bahiano de Reabilitação (IBR), em Ondina.
A ideia da atividade foi a de trabalhar a criatividade com crianças e adolescentes com problemas físicos e de paralisia cerebral que são atendidos pela unidade. O workshop trabalhou a arte de pintar azulejos, uma das práticas do artista baiano que é padrinho da instituição. As obras produzidas serão utilizadas na criação de um mosaico para a piscina do IBR e na venda dos azulejos, em breve, no Bazar do IBR para arrecadar fundos para instituição.
Na brincadeira, as próprias crianças escolheram a temática dos desenhos. “Sugeri a elas a liberdade de desenharem o objeto da forma que quisessem, a exemplo de um boneco ou de um animal com uma perna só, etc. Além disso, citei a inspiração no zoológico que fica aqui perto e no filme Avatar que certamente muitos assistiram e que contribui contra o preconceito de formato, cor e cultura”, disse o artista Bel Borba.
Fabrício, 10 anos, seguiu à risca a orientação do livre arbítrio. “Escolhi um boneco. É muito legal”, afirmou em tom de animação. Apesar de bastante pequeno, Jonatas, 1 ano e 8 meses, que sofre com a doença mielomeningocele, não ignorou os estímulos da criação. Essa enfermidade provoca uma deficiência neurológica (sensitiva e motora), podendo gerar também paralisias (principalmente flácidas) em membros inferiores.
Segundo o coordenador do IBR, Rogério Gomes, a atividade estimula a questão terapêutica, a coordenação motora, lúdica (atividade visual) e a socialização das crianças. Conforme ele, autoestima delas também acaba sendo estimulada, “a partir do reconhecimento de eles poderem caminhar depois pela instituição e observarem seus trabalhos expostos nas paredes”.
“Além disso dá muita satisfação aos pais, pois existe uma crença em muitos deles de que seus filhos não conseguem e ao verem as crianças fazendo as coisas, eles percebem que elas são capazes”, enfatiza.
“É muito importante para o cognitivo e para coordenação motora da criança”, acrescenta a fisioterapeuta da instituição, Marisa Brás. Segundo ela, quando as crianças ainda são encaminhadas bem pequenas para o tratamento, aumenta a chance de cura, a depender da lesão. “Se a deformidade for mínima, ela pode se recuperar. Tudo que interfere no lúdico é importante para reabilitação”, diz.

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