quarta-feira, 10 de março de 2010

REAJUSTE NO PREÇO DOS REMÉDIOS ASSUSTA USUÁRIOS...

FONTE: Nelson Rocha (TRIBUNA DA BAHIA).

Quem precisa tomar remédio para controlar ou combater alguma enfermidade passou a viver mais apreensivo nas últimas horas, depois do anúncio, ontem, da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos liberando o reajuste de preços de produtos farmacêuticos a vigorar a partir de 31 de março. São cerca de 20 mil remédios que ficarão entre 4,45% e 4,83% mais caros, fato que preocupa o cidadão brasileiro e, em particular, os idosos. “Eu tomo dois remédios para pressão todos os dias. Adalat Retard de 20 mg e Atenelol de 50mg. Cada um custa na faixa de R$ 18. O pior é que tem uns que são muito mais caros. O médico passou um outro pra pressão, o Atacand-HCT, que eu não posso comprar porque custa mais de R$ 100. Esse reajuste é um absurdo.
Tudo aumenta, menos o salário. E quem toma dois, três remédios como é que pode?”, questionou a aposentada Maria da Conceição Rebouças, 61, que tem sempre na bolsa amostras grátis que ganha dos médicos. “Só assim eu consumo os que são caros”, comentou.
O executivo de atendimento Altamir Menezes de Andrade, 61, diariamente, em jejum, ingere um comprimido de Daonil, remédio indicado para o controle do açúcar no sangue. “A caixa vem com 20 comprimidos e custa na faixa dos R$ 6.
O reajuste dos preços dos remédios dificulta, cada vez mais, para os usuários. O dinheiro é sempre curto, mas os aumentos são constantes. Eu tomo outro pra pressão que custa em torno de R$ 8. Saber que vamos passar a pagar mais caro é ruim por que não é uma coisa passageira. São remédios para sempre”, declarou.
Na rede de farmácia Estrela Galdino, o funcionário, que não quis ser identificado, confirmou que a direção da empresa já enviou e-mails para todas as unidades alertando quanto ao reajuste que entrará em vigor. Um leitor da Tribuna, por telefone e também sem revelar o nome, denunciou o que considera “um afronta aos doentes”.
Ele relatou o fato de algumas farmácias “darem desculpas para não vender remédios controlados”. Consultado sobre o assunto, um farmacêutico, que se manteve no anonimato, confirmou que os remédios de consumo controlado não estão sendo vendidos.
“No nosso caso, a notificação que temos é de 2009 e, talvez por isso, a diretoria determinou que os armários com os remédios controlados ficassem fechados”, revelou, acrescentando que no seu estabelecimento existem dois farmacêuticos de plantão das 8 às 22h, e que mais um estaria para ser contratado.
O novo aumento dos remédios, dividido em três faixas de preços e conforme o número de genéricos disponíveis, foi programado com base no IPCA, índice que mede a inflação oficial do Brasil, mais 0,38% do denominado fator de produtividade.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em nota, comunicou que os maiores reajustes foram permitidos onde a concorrência entre os grupos farmacêuticos impede aumentos exagerados.

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