quarta-feira, 17 de março de 2010

A VIAGEM E A SUCESSÃO...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

A viagem do governador Jaques Wagner ao Oriente Médio (que na realidade geográfica deveria chamar-se para nós Oriente Próximo) deixou sem comando de corpo presente sua base de sustentação política na Bahia. E tornou inviáveis contatos do mais alto nível que envolvam o chefe do Executivo baiano até que retorne da Terra Santa e adjacências, ficando estas por conta da Jordânia.
É claro que o governador pode manter com algumas pessoas seletas de sua base contatos telefônicos para saber o que ou se está acontecendo algo relevante e emitir opiniões, orientações ou determinações, conforme a natureza das coisas ou a necessidade. Mas não se pode igualar a presença em Israel, na Cisjordânia e na Jordânia à presença na Governadoria ou no Palácio de Ondina. Ou mesmo em Brasília.
Daí que, nesses dias de viagem, a base política nuclear e suas adjacências – estas, no caso, seriam os segmentos políticos que podem ou não agregar-se à base ou até um ou outro que, insatisfeito, venha a desagregar-se.
É evidente que há problemas, sempre há, mas alguns dos que estão aí são bastante graves, seja pela dificuldade de equacioná-los, seja pela importância política que têm. Para o governador e o PT destacam-se, no momento, dois. E respondem pelos nomes de Waldir Pires e de César Borges. Como disse, estes destacam-se, mas há outros, respondendo pelos nomes de Otto Alencar, Lídice da Mata e pela expressão “coligações para as eleições proporcionais”, as de deputado estadual e federal.
Comecemos as breves observações a respeito pelo fim. A coligação proporcional para deputado federal na base de sustentação do governo caminha, segundo os indícios, para o “chapão”, uma só chapa na qual estariam os candidatos de todos os partidos da base governista à Câmara dos Deputados. Não são ouvidas aí gritarias nem percebidos esperneios.
Quanto à coligação para deputado estadual, o inferno desceu (ou subiu?) à base do governo. O governador não está impondo nada a este respeito e cada partido está trabalhando pela fórmula que melhor lhe parece. O problema é que cada fórmula que a um parece bem, a outro parece má. A coordenação do governador aí pode ser indispensável. Há tempo, mas durante a viagem dele, prosperam rumores, boatos e aborrecimentos.
O que Otto Alencar vai fazer depende de veredicto médico. “Não sou herói”, já disse ele. Ele mesmo e o governador o queriam como candidato a senador. Era o plano. E, para o governador, ainda é a vontade explícita. Mas se a medicina disser que não, pois a campanha para o Senado é uma correria, Otto terá duas alternativas principais: ficar onde está, como conselheiro do TCM, ou ver aberto espaço para concorrer a vice-governador.
Problema: para o Senado na chapa de Wagner, existem quatro nomes possíveis para as duas vagas. Otto Alencar, César Borges, Lídice da Mata (que pode ser candidata a vice) e Waldir Pires. Borges é, no momento, como me dizia ontem um colega simpatizante do PT, o “nó górdio” da articulação sucessória.
Mas a entrada de Waldir Pires no jogo, apoiado por um grupo de peso neste partido, o que inclui a evidente ideia de escantear o senador republicano César Borges, ideia com a qual Wagner não simpatiza, aperta muito mais aquele nó que já estava difícil de desatar.
Chamem o Alexandre.

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