sexta-feira, 21 de maio de 2010

BRASIL ESQUECE SEU EXEMPLO...

FONTE: Ivan de Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.

O presidente Lula e a diplomacia brasileira fizeram uma festa em Teerã, por conta de um acordo de troca, em território turco, de uma parte (metade ou pouco mais) do urânio levemente enriquecido que o Irã diz ter por urânio enriquecido a 20 por cento.
Tentou-se passar a impressão festiva de que o acordo resolvia a crítica pendência que envolve, além da teocracia iraniana, a Organização das Nações Unidas, com sua Agência Internacional de Energia Atômica, e muitos dos mais importantes países membros da ONU, convencidos ou séria e fundadamente desconfiados de que o objetivo essencial do Irã não é a utilização de energia nuclear para fins pacíficos, como alega, mas a produção de armas nucleares.
Esta convicção ou fundada desconfiança resulta de evidências e fatos óbvios ou comprovados. O Irã é signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Como tal, está comprometido a permitir a fiscalização da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em suas instalações nucleares, sem reservas ou restrições. No entanto, o Irã expulsou os agentes da AIEA há algum tempo e nega-se a permitir que a agência da ONU volte a fazer inspeções no país.
Se o impedimento da fiscalização é um dos três elementos do tripé que justifica a desconfiança e põe a ditadura iraniana sob suspeita quase geral (sempre há alguns tolos), outro desses elementos é que o acordo tão festejado, celebrado entre o Irã, o Brasil e a Turquia, não veda, não sugere, não estimula, não evita que o Irã continue enriquecendo urânio a níveis expressivos, percorrendo assim o caminho tecnológico para chegar à bomba nuclear e acumulando, fora das vistas da AIEA, matéria- prima para fabricar esse tipo de arma.
O terceiro elemento do tripé do mal também já está comprovado. É representado pelas instalações nucleares que o Irã construiu secretamente e mantinha secretas até que a inteligência ocidental as descobriu. Foi e continua sendo um vexame para o Irã sustentar suas afirmações de boa fé quanto à exclusividade dos fins pacíficos que diz pretender dar ao seu desenvolvimento nuclear, já que buscou manter instalações nucleares secretas.
Convém lembrar que o Brasil, signatário do mesmo Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, quis um dia produzir a bomba, numa espécie de despirocada rivalidade com a Argentina (durante o regime militar cá e lá) e passou a desenvolver um programa nuclear secreto, com instalações secretas, inclusive uns misteriosos poços (para experiências subterrâneas com artefatos nucleares) na Serra do Cachimbo.
Pois tendo feito isto antes, o Brasil não devia estar querendo fazer o Irã parecer “tão bonzinho”. E dando ao regime de lá (o governo democrático brasileiro parece ter alguma tara, alguma admiração secreta, por governos ditatoriais, violadores dos direitos humanos e coisas assim, a exemplo do iraniano, do cubano, do sudanês, entre outros) mais tempo para adiantar seu plano bélico nuclear.

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