sábado, 15 de maio de 2010

CRIME PSICOLÓGICO...

FONTE: Tatiana Ribeiro, TRIBUNA DA BAHIA.

A servidora pública M.A.S viveu momentos de pânico e desespero após receber um telefonema de um homem anunciando que sua filha de 14 anos teria sido sequestrada, e, que, se não fosse depositada uma quantia de R$ 10 mil no prazo de três horas, a jovem seria morta. A mãe da adolescente foi mais uma vítima de um falso sequestro, modalidade de golpe cada vez mais comum que atinge, de preferência, pessoas da classe média. Os bandidos são ousados e as formas de aplicar o golpe são diversas. Somente no mês passado, foram registrados três casos em apenas uma delegacia de Salvador. Segundo a polícia, as vítimas muitas vezes contribuem muito com os supostos sequestradores, com informações privilegiadas sobre suas vidas pessoais. O golpe do falso sequestro funciona assim: os criminosos ligam para a vítima afirmando que um parente dela foi sequestrado e que, se não for depositada uma quantia em dinheiro, imediatamente, será ferido ou morto. A performance teatral dos golpistas muitas vezes inclui gritos no fundo do telefonema e fornecimento de detalhes da pessoa supostamente sequestrada para assustar e convencer a vítima que está do outro lado da linha para que ela pague rapidamente.Na realidade, o tal membro da família não foi sequestrado, mas provavelmente recebeu um telefonema anteriormente de alguém que consegue informações com desculpas tipo participação num concurso, programa de televisão, sorteio, ou até mesmo uma suposta clonagem de cartões de crédito. As informações pessoais da vítima serão usadas depois pra convencer os parentes dela do suposto sequestro. De acordo com o delegado Sérgio Habib, titular da 16ª delegacia da Pituba, para dar uma maior veracidade do crime, os bandidos ainda ficam ligando direto no número da pessoa que “teria sido sequestrada” para mantê-lo ocupado de forma que não seja possível para os familiares fazer contato e verificar se está mesmo sequestrado. Os golpistas ainda podem ligar antes para o celular do suposto sequestrado e, dizendo ser da companhia telefônica e com a desculpa de fazer controles contra clonagem ou algo do tipo, solicitam que deixe o telefone desligado por 1 ou 2 horas. “Esse tipo de crime pode ocorrer em qualquer lugar, dentro de casa, nas ruas, ou mesmo em locais onde temos uma certa segurança, como shoppings centers. As vítimas contribuem muito com o marginal nesse tipo de crime por meio de informações concedidas por telefone involuntariamente. Muitas vezes a própria empregada da casa fornece, sem querer, o celular e o nome dos patrões, ou até mesmo confirmam informações. Outra forma de prevenir o falso sequestro é ter bastante cuidado ao responder pesquisas nas ruas. Existem várias modalidades para este tipo de crime e devemos ficar atentos a todas. Os assaltantes costumam jogar com o aspecto emocional para fazer com que as vítimas acreditem de fato de que seus parentes estão em poder dos sequestradores. Seja qual foi a situação, a polícia deverá ser acionada.”, explicou Habib. Ainda segundo o delegado, muitos desses casos de falsos sequestros são comandados por detentos dentro das penitenciárias. “É preciso analisar que a partir do momento em que essas pessoas presas têm de posse um celular, elas não estão fora do convívio social.”, esclareceu.
DEPÓSITO DE DINHEIRO E RECARGA DE CELULAR.
Segundo consta o boletim de ocorrência registrado na delegacia no último dia 9 de abril, uma mulher, moradora do bairro da Pituba, compareceu a unidade policial relatando que recebeu uma ligação afirmando que sua filha havia sido sequestrada. O bandido a convenceu não desligar o aparelho, não atender outras ligações, e que ela fosse ao banco e fizesse depósitos para outras contas fornecidas por ele. A vítima foi até um banco Bradesco e fez um depósito no valor de R$ 5 mil em dinheiro. O bandido ainda exigiu que a mulher fizesse um segundo depósito, no mesmo valor, no Banco da Caixa Econômica Federal, e que fizesse três recargas de celular para o prefixo 21, sendo uma no valor de R$ 200, na casa lotérica do Mini Shopping Costa Azul, outra de R$151, que foi efetuada no posto Sumaré, e uma terceira de R$ 50, em um posto na Avenida Garibaldi. O suposto sequestrador ainda queria mais dinheiro e a vítima teria oferecido joias e seu automóvel, que seriam entregues no estacionamento do Hiper Bom Preço do Iguatemi. Ao chegar em sua residência para pegar as joias, a mulher comunicou o fato ao marido, que ligou para a filha e constataram que estavam sendo vítimas de um golpe.Em uma outra situação, um homem também morador da Pituba, registrou um boletim de ocorrência relatando que recebeu uma ligação de um indivíduo que alegou ter sequestrado sua esposa e sua filha menor de idade. O bandido ainda teria informado à vítima dados do veículo de sua esposa, como marca, modelo, cor e marca do automóvel. A vítima ainda declarou que teve que fazer recargas em celulares com prefixo do Rio de Janeiro, além de reembolsar a quantia de R$ 2 mil que seriam pagos no comércio da vítima, que entrou em contato com a polícia, e depois, ligou para a esposa, que se encontrava em sua residência e não fazia ideia do que estava ocorrendo. Uma outra mulher também compareceu a unidade policial declarando que dois homens ligaram no celular dela informando que sua filha, menor de idade, estava baleada na mão. Segundo a vítima, os bandidos tinham conhecimento de todos os dados pessoais e solicitaram que ela fosse até uma agência bancária e depositasse a quantia de R$ 20 mil para liberar sua filha.

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