quinta-feira, 13 de maio de 2010

IDOSOS SERÃO MAIORIA DA POPULAÇÃO EM 40 ANOS...

FONTE: Hélio Rocha, TRIBUNA DA BAHIA.

Por muitos anos, o Brasil foi considerado um país de população de maioria jovem. Só que essa realidade vem se invertendo nos últimos 50 anos devido aos avanços da medicina, incremento de políticas públicas de saúde, queda da mortalidade infantil e drástica redução da taxa de natalidade. Para se ter uma ideia dessa guinada, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que, em 2050, aqueles com até 14 anos representarão 13,15% dos brasileiros, enquanto a faixa etária acima de 65 anos, 22,71%. Isso significa que os idosos serão a maioria da população do país nas próximas décadas.
De acordo com a médica Christiane Machado, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG-BA), a população idosa cresceu muito além do previsto. “A expectativa de vida hoje é de aproximadamente 72 anos, um grande avanço se considerarmos que em 1950 essa projeção era de pouco mais que 52 anos. Como resultado, a população acima de 60 anos aumentou consideravelmente, bem como o número de octogenários e até de pessoas acima dos 100 anos de idade”, explica.
Não é difícil perceber essa mudança na estrutura etária da população brasileira. No início do século passado, as famílias eram compostas por 10, 12 filhos. Meio século depois, o índice já havia caído para quatro ou cinco crianças. Hoje, com a mulher assumindo cada vez mais um papel de destaque no mercado de trabalho, a maioria delas só quer exercer a maternidade depois dos 30 anos, quando estabelecida profissionalmente, preferindo ter apenas um ou dois filhos.Christiane afirma que a região Sudeste do país já vive a mesma realidade enfrentada por países onde a pirâmide etária é mais fina na base, ou seja, locais onde há mais velhos que jovens.
“A maioria dos países europeus já enfrenta dificuldades decorrentes desse aumento da população idosa, porque a taxa de fecundidade não é suficiente para manter o equilíbrio da população. Isso gera inúmeras consequências, como problemas previdenciários, econômicos, psicológicos, dentre outros. Esse é o motivo por que alguns países estão estimulando a imigração de jovens: para recompor a pirâmide etária”, informou.

DONA EDITH: 102 ANOS E MUITA CULTURA.
Há alguns anos atrás, a existência de pessoas com mais de 100 anos era notícia rara no Brasil. Hoje, temos diversos exemplos, como Dona Canô, mãe dos cantores Caetano Veloso e Maria Bethânia, o arquiteto Oscar Niemeyer e outros anônimos, mas nem por isso menos notáveis. Esse é o caso da Sra. Edith Olivieri Prisco Paraíso, moradora da Pituba, que aos 102 anos de idade fala francês fluentemente, faz sequências de palavras-cruzadas das mais difíceis e lê bastante diariamente.
Nascida no dia 7/7/1907, em Ilhéus, Dona Edith viveu a era de ouro do cacau descrita na obra de Jorge Amado. “Meu hábito de ler veio de meu pai, que assinava o jornal Estado de São Paulo. Lembro vivamente das manchetes sobre as comemorações pelo fim da Primeira Guerra Mundial, do desastre do Titanic, dentre outros fatos da época. Além disso, escrevo um diário que mantenho até hoje”, contou.
Depois de frequentar o colégio interno, como era comum às moças de sua época, Dona Edith se mudou para Salvador em 1924, casando-se cinco anos depois com um primo, aos 22 anos. A união resultou no nascimento de duas filhas, hoje com 79 e 70 anos, respectivamente. Depois da morte do marido, em 1959, Dona Edith viajou três vezes para a Europa para ver de perto os locais sobre os quais tanto havia lido.
A simpática senhora conta o segredo de sua longevidade e saúde. Ela ainda possui a arcada dentária completa e só se queixa de uma pequena dor lombar resultante de duas quedas sofridas há alguns meses. “Quando era casada, montava muito a cavalo na fazenda e fazia ginástica acompanhando um programa de rádio. Até hoje ainda caminho pela casa para manter a circulação ativa, mesmo que agora tenha que usar a bengala, coisa que não gosto muito.
Além disso, sempre tive hábitos metódicos: dormir sempre no mesmo horário, comer pouco nas refeições e levar uma vida normal, sem sobressaltos. Com esses pequenos hábitos, continuo a comer de tudo: mariscos, carne vermelha, mas sempre com moderação”, frisou. Seu maior medo é perder a independência. “Não quero ficar dependente de minhas filhas para tomar banho, ir ao banheiro, etc. Não tenho mais vontade de sair por causa da violência. Portanto, minha maior paixão, que era ir ao cinema, já não está mais na minha rotina”, finalizou, com um sorriso de quem está de bem com a vida.

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