sábado, 8 de maio de 2010

MÃE AOS QUARENTA...

FONTE: Karina Baracho, TRIBUNA DA BAHIA.
O sonho de ter um filho nunca foi prioridade para a administradora de empresas Marisa Gouveia, 45 anos. A faculdade e a ascensão no trabalho, além da independência financeira, vinham em primeiro lugar. O filho, apenas aos 41 anos. “Queria dar a ele uma estabilidade e para isso precisava estar bem”, diz. Esta é a realidade de muitas mulheres. Os padrões da maternidade estão mudando. A dedicação exclusiva já não é mais prioridade, assim como o nascimento dos pequenos muito cedo.
Segundo pesquisas, o número de grávidas ou de mulheres tentando a tão sonhada maternidade entre os 30 e 40 anos tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. Em média, elas esperam até os 35 anos para darem início a uma nova família, principalmente aquelas que vivem em grandes metrópoles e têm uma vida repleta de atribulações.
Dados do IBGE revelam que, em 1991, as mães que tiveram o primeiro filho na meia idade eram 7.142 (0,67%) e, em 2000, somavam 9.063 (0,79%). Ainda que em número absolutos este grupo de mães seja pequeno, esse fenômeno já pode ser acompanhado, principalmente, nos estados do Rio de Janeiro (passou de 0,91%, em 1991, para 1,09%, em 2000) e São Paulo (de 0,65% para 0,87%).
Porém, os médicos alertam para as consequências dessa decisão. Segundo eles, a idade pode afetar a capacidade de conceber. “É também importante informá-las sobre os tratamentos disponíveis que podem ajudá-las a engravidar, quando elas decidirem que o melhor momento chegou”, afirma o ginecologista e obstetra e diretor da Clínica Genenis, Aléssio Calil Mathias.
Segundo o IBGE, o acesso mais fácil a métodos contraceptivos, os custos elevados necessários para a criação de uma criança e a inserção da mulher no mercado de trabalho provocaram a redução do número de filhos. Essa realidade se evidencia na queda da taxa de fecundidade, que declinou de 2,7 filhos em 1992 para 2,4 filhos em 2002.
"A sociedade mudou. A mulher conquistou um espaço no mundo. Hoje ela tem o seu diferencial. Tem o seu destaque. Mas a maternidade nunca é esquecida, apenas adiada”, lembra o sociólogo André Siqueira. Ele acrescenta que as novidades da Medicina têm contribuído bastante para tais modificações: “A cada dia criam-se métodos novos e a idade fértil da mulher tem se estendido”.
Só depois de ter um relacionamento estável, trabalho e de ter concluído a faculdade de Letras, a professora Andréa Guedes, 39 anos, decidiu ter um filho. “Este vai ser o meu primeiro Dia das Mães de mãe e não como filha”, diz.
QUEDA DE FERTILIDADE.
Segundo os especialistas, a queda da fertilidade feminina com o avanço da idade é um fato biológico. Estima-se que a chance de gravidez por mês é de aproximadamente 20% nas mulheres abaixo de 30 anos, mas de apenas 5% nas mulheres acima dos 40. Mesmo com os tratamentos para infertilidade, como a fertilização in vitro, a fertilidade diminui e as chances de um aborto espontâneo aumentam após os 40. “Há várias explicações para esse declínio de fertilidade: condições médicas, mudanças na função ovariana e alterações na liberação dos óvulos pelos ovários”, afirma Mathias.
A queda nas chances de engravidar, em mulheres, acima de 40 anos, é mais frequente devido às mudanças naturais que ocorrem nos ovários. O hipotálamo e a hipófise, glândulas localizadas no cérebro, coordenam os processos que levam à ovulação e à menstruação regular. “A maioria das mulheres têm aproximadamente 300 mil óvulos em seus ovários na puberdade. Para cada óvulo que amadurece e é liberado durante o ciclo menstrual, entre 500 a 1000 não amadurecem totalmente e são reabsorvidos pelo corpo”, explica o médico. Quando a mulher atinge a menopausa, que normalmente ocorre entre os 40 e os 56 anos de idade, há apenas alguns óvulos remanescentes.

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