sexta-feira, 14 de maio de 2010

O ABORTO NA SUCESSÃO...

FONTE: Ivan Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil recomendou aos católicos que, em outubro, votem “em pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida”. Na sua “Declaração sobre o Momento Político Atual”, a CNBB não menciona explicitamente o aborto, mas é evidente que este, embora possa não ser o objetivo exclusivo da declaração, é seu núcleo.
Não vejo a menor razão para a CNBB evitar a citação da palavra aborto, preferindo a menção implícita, ainda que inequívoca. Há coisas que devem ser ditas da maneira mais clara e direta possível. Em algum lugar da própria Bíblia Sagrada está escrito que “seja a tua palavra, sim, sim, não, não”. Vale dizer: não minta, não fique em cima do muro, não use meias palavras e, mesmo sendo afirmativo, seja claro, direto, de modo que todos quantos ouvirem entendam.
A questão do aborto deve ser posta claramente na campanha eleitoral deste ano. Marina Silva, do PV, é a única candidata a presidente que, por enquanto, se pronunciou claramente sobre o assunto, sem deixar dúvidas. Por considerações pessoais e religiosas (ela é evangélica), Marina é contra a descriminalização (liberação) do aborto. Mas como acredita que não pode impor sua vontade ou convicção à nação, admite um plebiscito para decidir sobre o assunto.
Há poucos dias, a candidata do PT, Dilma Rousseff, entendeu que era chegada a hora de falar sobre o aborto. Parece que não era. Li as declarações dela, não entendi nada, fiquei sem saber se ela é a favor da liberação, contra ou muito pelo contrário. Estarei aguardando outra oportunidade em que ela volte a abordar o assunto, na esperança de que o faça com clareza. Por enquanto, tenho apenas a triste lembrança de que o seu partido, o PT, decidiu em seu 3º Congresso Nacional ser a favor da liberação do abordo e impor aos filiados a mesma posição.
Razão pela qual expulsou dois deputados federais, um deles o deputado baiano Luiz Bassuma, que hoje é candidato a governador pelo PV e pode ser um dos beneficiados pela recomendação dada esta semana pela CNBB aos católicos. Bassuma é presidente da Frente Parlamentar Nacional em Defesa da Vida e Contra o Aborto. Mas os outros candidatos a governador também podem se habilitar ao benefício, querendo.
Assim como a petista Dilma precisa esclarecer ao eleitorado, sem deixar margem a dúvidas, se é ou não a favor da liberação do aborto e como se comportará a respeito se for eleita presidente da República, o tucano José Serra tem a mesma obrigação de clarificar sua convicção e sua eventual ação na Presidência da República. E que falem todos em linguagem clara, do tipo em que sim é sim e não é não.

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