segunda-feira, 17 de maio de 2010

O REBOLATION DO PT...

FONTE: Ivan de Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.

Bem que a aliança com o PMDB na Bahia serviria ao PT para garantir a reeleição do governador Jaques Wagner e a eleição dos demais integrantes da chapa majoritária governista nas eleições de outubro na Bahia. Mas os dois partidos e seus dois principais líderes (o governador e o então ministro Geddel Vieira Lima) não conseguiram se entender, num dos mais intrigantes desencontros da política baiana. Parece que os fatos, principalmente os criados no âmbito do PT – a as inevitáveis reações a eles –, sobrepuseram-se às intenções iniciais dos dois líderes políticos, levando finalmente ao rompimento.
Talvez exausto de tanto stress decorrente das relações entre o PMDB e o PT, talvez também, quem sabe, para minimizar, ante o público, a perda de um importante aliado, o governador chegou a declarar, pouco tempo após o rompimento, que estava “aliviado”. Se não declarou a mesma coisa em relação à perda de um quase aliado, o senador César Borges e seu partido, o PR, terá sido, talvez, por descuido. Mas a perda do ex-futuro aliado republicano não ocorreu por vontade do governador. Decorreu de um fator evidente: a resistência do PT ao senador do PR e a coligações proporcionais entre este partido e o PT.
Sintetizando: nos dois casos, os maus modos e os terremotos e tsunamis de variada graduação dentro do PT acabaram afastando um importantíssimo aliado, o PMDB, e um futuro e importante aliado, o PR e seu líder na Bahia, o senador César Borges. Hoje eles compõem o núcleo de uma das forças que disputam o poder ao PT e buscam neutralizar os planos deste partido de permanecer mais quatro anos no poder.
Mas o que me levou a escrever essas coisas, se o assunto no momento é outro? Exatamente o fato de que o assunto no momento é como preencher a lacuna aberta pela aparentemente abrupta adesão do PR às coligações nucleadas pelo PMDB, os dois partidos que o vira-e-mexe interno do PT lançou ao campo adversário.
Para preencher a tal lacuna – a vaga de candidato a uma das duas cadeiras de senador em jogo nas eleições baianas – havia uma tese, até posta como dogma pelo comando petista, de que nenhum partido devia ter mais de um representante na chapa majoritária. Mas isso tinha um objetivo: garantir a César Borges, do PR, a candidatura a senador, que era também ambicionada por três petistas – Walter Pinheiro, Nelson Pelegrino e Waldir Pires. Quando César Borges perdeu a paciência com o PT e aliou-se ao PMDB, a tese mencionada desmoronou.
Ficaram na arena Pinheiro (com – para dizer o mínimo – a simpatia do governador), Waldir Pires e Pelegrino. Pinheiro e Waldir porque querem. Pelegrino porque não queria Pinheiro. Então alinhavou-se ou sonhou-se um acordo segundo o qual se Pinheiro disputasse o Senado, não disputaria a prefeitura de Salvador em 2012. Pelegrino, que é apaixonado pela prefeitura, deu o suposto acordo por firme, bom e justo, deixou de falar em candidatura ao Senado e tirou o cavalinho da chuva.
Aí, Pinheiro deu umas declarações nas quais não deixou claro que esteja descartada uma candidatura sua a prefeito em 2012. Pelegrino levou o cavalinho pra chuva outra vez e botou a boca no trombone: “Eu nunca retirei minha candidatura” a senador. O ex-governador Waldir Pires ganhou fôlego novo. E até as prévias, que foram oficialmente descartadas, está defendendo, pois seu descarte, afirma, é antidemocrático.
Juntando tudo, não há engano: é o rebolation do PT.

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