segunda-feira, 10 de maio de 2010

OBESIDADE ATINGE 30% DAS CRIANÇAS...

FONTE: Karina Baracho, TRIBUNA DA BAHIA.

Foi-se o tempo em que criança saudável era criança gordinha. As dobrinhas vistas com alegria para muitas pessoas passou a ser um terror na vida dos pequenos. A obesidade infantil aumentou cinco vezes nos últimos 20 anos. Estima-se que pelo menos 30,0% das crianças entre 6 e 11 anos tem excesso de peso e cerca de 10% são obesas. A grande maioria tornam-se adultos gordos, com 79% de probabilidade.
A maior dificuldade, segundo os pais, é fazer com que as crianças entendam a necessidade de ingerir alimentos saudáveis. “Todos os dias é um suplício. Ela não quer comer verduras, carne e troca qualquer refeição por pizza e até sorvete”, reclama a professora Marlúcia Evangelista, 27 anos. Com uma filha de três anos, ela diz que já tentou de tudo para tornar a hora das refeições mais atraentes. “Faço teatrinho na hora do almoço, brinco e até ameaço”.
Segundo a nutricionista Daniela Aguiar, na maioria dos casos o que as crianças preferem comer é um reflexo do que os pais consomem. “Se ela (criança) vê que os pais comem muitas besteiras e doces, automaticamente vai querer fazer a mesma coisa. Por isso, o bom exemplo é fundamental”. Conforme ela, no novo conceito familiar onde pai e mãe trabalham fora, as guloseimas chegam como um prêmio para os pequenos. “Em muitos casos os doces são uma forma de suprir a carência da ausência”.
Porém, a nutricionista condena esse tipo de ação. “Os pais não podem ‘premiar’ os filhos com lanches por se sentirem mal em ficar fora a maior parte do tempo. Desta forma, eles estão predispondo os filhos a doenças como diabetes e hipertensão, além de problemas nas articulações e da baixa autoestima”.
A nutricionista aponta também o aumento do consumo de alimentos industrializados que possuem elevados teores de sal, colesterol e calorias. O fato das crianças acostumarem-se com o sabor doce logo nos primeiros meses de vida, quando muitas mães acrescentam açúcar às mamadeiras de leite, também contribuiu para o elevado consumo de açúcar entre as crianças. “O que também torna um dos motivos da obesidade infantil”, acrescenta Aguiar.
Outro destaque da nutricionista foi em relação aos fast foods. “É a preferência de muitas famílias, pela praticidade que anda associada a falta de tempo”. Conforme ela, pode-se ter uma alimentação saudável mesmo na rua. “Até para as crianças. Os pais tem que colocar todos os nutrientes necessários nos pratos e não imaginar que os sanduíches vão alimentar, pois eles vão apenas acabar com a fome”.
ALIMENTAÇÃO SAÚDAVEL É FUNDAMENTAL.
Quando vai ao shopping, Gabriel, 7 anos, já sabe onde vai lanchar. “É sempre na mesma lanchonete e o mesmo sanduiche”, diz a mãe que confessou usar o local como uma forma de fazer o filho comer. “Muitas vezes ele não quer almoçar em casa e trago para comer aqui”, afirma a comerciante Cyntía Dantas, 32 anos. Ela afirma que não é a melhor opção. “Mas ele acaba me vencendo”.
COMPLICAÇÕES – De acordo com o Consenso Latino em Obesidade, diferentemente do que a maioria das pessoas pensa, a obesidade é uma enfermidade crônica que se acompanha de múltiplas complicações, caracterizada pela acumulação excessiva de gordura em uma magnitude tal que compromete a saúde. Entre as complicações mais comuns está o diabete, a hipertensão arterial, as dislipidemias, as alterações osteomusculares e o incremento da incidência de alguns tipos de carcinoma e dos índices de mortalidade.
Segundo o Consenso, a variedade biológica das pessoas com relação ao armazenamento do excesso de energia ingerida é muito grande. Este fato está estreitamente relacionado com a suscetibilidade individual e seu patrimônio genético. Com base nos estudos de epidemiologia molecular, é possível afirmar que o número de genes associados ou relacionados com a obesidade gire em torno de 20.
Daí percebe-se que algumas pessoas nunca chegarão a ter sobrepeso ou obesidade, outras podem aumentar de peso na medida que aumentam de idade, e outras ainda podem iniciar o aumento de peso desde a infância e mantê-lo em idades posteriores. Também se leva em conta a influência das desordens emocionais e dos fatores psicológicos na prevalência da obesidade.
De acordo com alguns autores da psicologia, mecanismos psíquicos de fixação oral, regressão oral e supervalorização dos alimentos são de grande impacto na forma como as pessoas desenvolvem hábitos alimentares. É comum, por exemplo, que uma história passada de depreciação da imagem corporal e insuficiente condicionamento primitivo do controle do apetite leve aos transtornos alimentares, tais como a bulimia, a anorexia e também a obesidade.

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