sexta-feira, 4 de junho de 2010

PELOURINHO PEDE MAIS SEGURANÇA...

FONTE: Lorena Costa, TRIBUNA DA BAHIA.
Comerciantes do Pelourinho permanecem de luto por conta de inúmeros problemas acumulados ao longo dos últimos anos no local. Ontem, um dia após uma manifestação que interrompeu o funcionamento da maioria dos estabelecimentos comerciais da área, vendedores e guias turísticos ainda comentavam o ato, que contou com passeata e abraço simbólico na Praça do Largo do Terreiro de Jesus.
Estendidos nas fachadas de casarões e prédios do Centro Histórico de Salvador, ainda estavam os tecidos na cor preta, o que evidenciou a insatisfação de quem vive e trabalha pelas ruas do Pelô. “Acho que a falta de segurança é a questão mais crítica aqui no Pelourinho. É muito triste assistir a tudo que acontece por aqui todos os dias. Além disso, pedintes e vendedores ambulantes assustam os poucos turistas que ainda aparecem por aqui”, afirmou a vendedora Everlandia Macedo de Souza, 39, que há 20 anos trabalha no lugar.
O empresário Felipe Miranda possui uma loja no Terreiro de Jesus há sete anos e, no que diz respeito aos ambulantes e pedintes, concorda com a colega Everlandia. “O problema são os pedintes e os ambulantes, pois – sem formação – eles abordam os turistas de qualquer maneira, o que acaba assustando os visitantes. Para se ter uma ideia, eu já presenciei ambulantes brigando na frente do cliente, o que considero muito desrespeitoso. Acho que situações como essas é que prejudicam o Pelourinho”, considerou.
Felipe, porém, não enxerga muitos problemas com relação à segurança. “Violência tem em todo lugar, acho que a violência que dizem haver no Pelourinho é mais por rótulo, por existir a Cracolândia aqui próximo e etc. Acho que a violência não é o nosso principal problema, mas – como disse – o grande assédio dos ambulantes e pedintes aos turistas”, analisou.
GUIAS - Os guias turísticos também sofrem com o problema. Para o guia Ricardo Luciano dos Santos, 39, um ordenamento dos ambulantes precisa ser feito de maneira urgente. “Com os menores pedintes a gente até tem como negociar, a gente pede para que eles deixem o turista a vontade e eles acabam se afastando, mas o que não dá para controlar é a atividade dos ambulantes que não dão o tratamento adequado aos visitantes”, disse.
Durante o protesto, na tarde da última quarta-feira, os comerciantes deram um abraço simbólico no Terreiro de Jesus. Eles também fizeram passeata pelas ruas do Pelourinho. O presidente da Associação dos Comerciantes do Centro Histórico da Bahia (Acopelô), Lenner Cunha, comentou que o protesto marca o início das ações da associação.
Um documento com as reivindicações dos comerciantes foi distribuído aos participantes do manifesto e, segundo Lenner, deve também ser entregue ao governador Jaques Wagner. Entre as ações sugeridas estão à instalação de câmeras de monitoramento, ampliação do número de pontos de ônibus e aumento no efetivo de policiais na área.
INTERVENÇÕES DA PREFEITURA.
Apesar do protesto, no inicio desta semana o prefeito João Henrique Carneiro e o vice Edvaldo Brito anunciaram em entrevista coletiva na Fundação Casa de Jorge Amado que a prefeitura vai potencializar as intervenções no Pelourinho, mantendo a dinâmica histórica do local e fomentando a atividade turística também na baixa estação.
O anúncio aconteceu após reunião com titulares das pastas municipais e representantes de órgãos responsáveis pela preservação do patrimônio, como o Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“A gente vai buscar recursos no nosso próprio orçamento para dar aquilo que a população quer – vida ao Pelourinho”, ressalta João Henrique. O prefeito destaca inclusive a necessidade de a gestão municipal ter a liderança nas intervenções no bairro, para agilizar o processo de revitalização. “A Prefeitura está querendo o protagonismo do processo frente às outras instâncias governamentais”, diz. “É preciso agilizar as ações. Estamos reivindicando a liderança para assumirmos o resgate do Pelourinho, com uma agenda cultural rica, diversificada. Salvador e a Bahia querem vida cultural no Pelô”, atesta.
Através da Empresa Salvador Turismo (Saltur), a Prefeitura vai promover três projetos no local. O Pelourinho Musical, uma iniciativa que vai requalificar a Terça da Bênção e a promoção de shows aos domingos nas praças do bairro; o Pelourinho de Comer que incentiva o turismo gastronômico e o Pelourinho de Ler que inclui a realização de festivais de literatura. A Prefeitura também está com projeto junto à Igreja Católica, de promoção do turismo religioso, aproveitando as festividades populares da religião.
AMBULANTES CADASTRADOS.
As iniciativas da Prefeitura no bairro, entretanto, se estendem para outras esferas. Por meio da Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Prevenção à Violência (Sesp), todos os ambulantes estão devidamente cadastrados, o que configura o número máximo de barracas nas ruas. Foram instalados 271 pontos de iluminação, que ao lado da atuação da Guarda Municipal, colabora com o Governo Estadual, na promoção da segurança pública.
A Sesp também está atuando junto às empresas de limpeza pública, para que todos os caminhões coletores sejam substituídos por motos, o que vai tanto agilizar o processo de coleta de lixo quanto possibilitar a melhor circulação das pessoas no local. Além disso, a substituição do equipamento contribui para manutenção do patrimônio, uma vez que, reduzindo o impacto sobre o solo, há menos riscos de abalar a estrutura dos imóveis.
Para garantir a segurança dos transeuntes e moradores, a Defesa Civil do Salvador (Codesal) faz um trabalho de identificação de imóveis em situação de risco. No ano passado, o estudo identificou 111 prédios com alto grau de risco de desabamento. Nesse total, 38 estão ocupados, seja por comerciantes ou por famílias residentes. A maioria dos 158 cidadãos que habitam estes imóveis são do sexo masculino, ganham até um salário e meio e tem baixa escolaridade.
Apesar da atuação da Secretaria Municipal do Trabalho, Assistência Social e Direitos do Cidadão (Setad), a população se recusa a deixar os imóveis. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) também atua diretamente no local com a manutenção da unidade e realização de ações junto aos cidadãos em situação de rua.

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