segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

DILMA INQUIETA MINISTROS...

FONTE: Ivan Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.
A presidente Dilma Rousseff está deixando inquietos seus ministros, especialmente alguns dos que ela herdou (ressalvo, por causa dos maledicentes, que não estou sugerindo que sejam eles uma herança maldita) do ex-presidente Lula.
É que Luiz Inácio Lula da Silva fazia duas coisas com muita intensidade. Uma delas eram os pronunciamentos públicos. A propósito de qualquer coisa, o então presidente tinha algo a dizer, discurso ou declaração, ainda que o enunciado verbal fosse mera roupagem para vestir o nada.
Ou fosse algum despropositado vitupério atirado à oposição, do tipo “o DEM deve ser extirpado”, ou uma constatação filosófica do tipo “a culpa é da zelite”, ou um ensinamento histórico para marcar que “nunca antes neste país” aconteceu uma determinada coisa ou até, sabe-se lá, uma coisa indeterminada.
Se Lula estivesse ainda no cargo, como gostaria e chegou a sonhar acordado, poderia hoje, com um misto de irrefreável orgulho e profundo pesar, lágrimas nos olhos (ele choraria, com toda certeza, se fosse lá, e o se fica por conta de não ter ido ao local do acidente com o avião da TAM em Congonhas) dizer: “Nunca antes neste país uma chuva matou tanta gente assim”. O que, não fosse por aquele evento que a nós chegou pela história de Peri e Ceci, seria verdade.
Mas falando pelos cotovelos, ou por todos os tentáculos (é que já se confunde Lula com lula para de surpresa renomear o maior campo petrolífero do país, enquanto ainda tem gente que reclama de um aeroporto chamado Luís Eduardo Magalhães por decisão do Congresso Nacional), o ex-presidente Lula conseguiu quase invariavelmente pautar a mídia brasileira segundo o interesse do governo.
Ele levantava os temas que passariam a ser notícia e, com isso, reduzia ao mínimo temas incômodos que a mídia poderia abordar por iniciativa própria ou provocada por setores da sociedade.
Lula não descia do palanque. Dilma não sobe nele. Esteve pronta para devida e oportuníssima subida da serra, mas foi gesto único. Daí que a mídia fica de bobeira, com tempo disponível para se entregar ao esporte de caraminholar coisas, tolices como os desentendimentos brabos que lavram, agora por ordem presidencial em surdina, na base de sustentação política do governo, ou as peripécias da inflação, das dificuldades fiscais e do já prolongado drama cambial.
E a outra falha, não nossa, mas do governo. Este não está se aprestando a atulhar o Congresso de trabalho e matérias de difícil decisão. Um Congresso que fica sem trabalho, garantem os especialistas, dá trabalho ao governo. Mente desocupada é oficina do diabo.

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