sábado, 14 de maio de 2011

GATOS DE ENERGIA: PREJUÍZO E PERIGO...

FONTE: Silvana Blesa, TRIBUNA DA BAHIA.


Basta dar um giro pela cidade e ter um pouquinho de atenção e flagramos o famoso puxadinho, mais conhecido como “gato de energia”. Esse furto é mais evidente nos bairros periféricos e invasões, mas essa fraude se espalha por toda a cidade e também nos bairros nobres e grandes empresas. O pior de tudo isso é que, na maioria dos casos, os consumidores não têm conhecimento e muitos ainda acabam lesados com multas exorbitantes e ainda tem que enfrentar a justiça para requerer os seus direitos, além de ter a energia cortada.


Os especialistas da Coelba advertem que a pessoa que rouba energia, põe em risco a sua vida e de toda a vizinhança.


E foi exatamente para discutir esses assuntos e tentar solucionar os problemas que a Defensoria Pública, em parceria com a vereadora Vânia Galvão (PT), realizou na manhã de ontem, no Centro de Cultura da Câmara Municipal, uma audiência pública cujo tema foi “Gato de energia elétrica”.


A defensora Fabiana Miranda explicou que a defensoria resolveu fazer um debate aberto para esclarecer os direitos e deveres dos cidadãos devido a grande quantidade de reclamações dos consumidores. “São várias denúncias diárias sobre cortes de energia, multas e contas com valores elevados.


A Coelba não pode deixar a pessoa sem luz por conta da fraude, que na maioria das vezes, o caso nem foi apurado. É preciso que haja um acordo para solucionar os problemas. Quando a Coelba constata um “gato”, imediatamente avisa que vai contar a energia e não explica o motivo e não dá tempo para o cidadão efetuar a dívida.


A maioria dos casos, são pessoas que nem sabiam que sua luz estava sendo furtada. A defensoria entende que os consumidores não podem ser constrangidos e também não podem ter sua luz cortada”, disse a defensora.Assim que ouviu falar sobre o debate aberto, o funcionário público aposentado Edgar Miranda Ribeiro, 70 anos, correu para se inscrever para participar da audiência. Há um ano que Edgar luta na justiça para ter seus direitos ressarcidos.


Ele reside no bairro do Tororó e mora sozinho. Sua conta de luz variava entre R$ 12 a 15 reais, mas no ano passado, um vizinho dele puxou um gato do poste da rua e passou pelo seu imóvel.


“Três meses depois, recebi uma multa no valor de R$ 860, alegando que eu estava furtando energia. Aquilo foi como uma apunhalada nas minhas costas. Sempre fui correto com minhas contas e logo fui buscar os meus direito.


Na Coelba fui maltratado e o que eles me disseram que era para eu pagar a dívida e buscar a justiça para ter os meus direitos. Achei um desaforo e procurei todos os órgãos. Acabei pagando a metade, mas no mês de janeiro desse ano, a minha luz foi cortada. Vim até aqui para ver se resolvo meu problema com a Coelba”, reforçou Edgar.

COMBATE DIFÍCIL.
Combater o crime de roubo de energia é cada vez mais complicado para a Coelba, empresa do Grupo Neoenergia, que promove operações para acabar com as fraudes e garantir a segurança da população e do sistema elétrico, além de conscientizar a população sobre os riscos e os prejuízos decorrentes da prática.


Segundo o gerente de inspeção, Alfredo João de Brito, a pessoa que faz gato da energia está correndo risco de vida e também pondo os vizinhos em perigo. “O gato pode ocasionar uma série de danos. Tanto num curto-circuito, como incêndios, explosões e até matar o autor do furto que não está adequadamente preparado com medidas de segurança para mexer com fios de alta tensão.


Devido os furtos, os consumidores não têm uma energia de qualidade, apresentando pequenas quedas de luz e em alguns casos, não podem ligar todos os eletroeletrônicos da residência”.


Alfredo ainda disse que a Coelba tem investido em campanhas educativas, além de ter ampliado as equipes que verificam os medidores de energia, fazendo blindagem e regularização das ligações clandestinas. Segundo ele, todas as vistorias seguem os procedimentos estabelecidos pela Aneel, a fim de preservar a segurança do consumidor e do sistema elétrico.


“Só para ter uma ideia, existem estabelecimentos que não podemos regularizar a energia por conta do risco que a vizinhança corre. O gato hoje não se estabelece apenas nas periferias, mas por toda a cidade. Já descobrimos em empresas, apartamentos em bairros nobres.


Em alguns casos em invasões e bairros periféricos, os agentes não podem entrar, devido à violência urbana”.Somente esse ano, a Coelba calculou o prejuízo de 4,2 milhões de ICMS que deixaram de ser arrecadados, o que resultou em 59.984 MWH (megawatts/hora) que daria para abastecer toda a cidade de Feira de Santana.


Segundo dados da Coelba, até o mês de março foram constatados 6.750 irregularidades em Salvador e Região Metropolitana. No ano passado, houve 131 mil notificações. Alfredo salienta que as denúncias chegam através de e-mails, do 0800 e carta. Todas as denúncias são checadas.


Temos 300 equipes atuando em toda a Bahia. “A pessoa tem que saber que roubo de energia é crime e se comprovado, a pena pode chegar a oito anos de prisão”, reforçou Alfredo.

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