sábado, 7 de maio de 2011

NOVA ESPERANÇA PARA USUÁRIOS DE DROGA...

FONTE: Adriano Villela, TRIBUNA DA BAHIA.


Criada pelo governador Jaques Wagner na reforma administrativa sancionada nesta semana, a Superintendência de Prevenção e Tratamento de Usuários de Drogas e Apoio à Família já está sendo estruturada pela Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, à qual ficará vinculada.

A expectativa é que o novo superintendente seja nomeado já na próxima semana. O novo órgão, compromisso eleitoral assumido por Wagner em 2010, terá como embrião o trabalho desenvolvido pela Superintendência de Apoio aos Direitos Humanos.


Uma destas atividades, segundo a titular da SADH, Denise Tourinho, é uma pesquisa em parceria com a Universidade Federal da Bahia e a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad)/Ministério da Justiça para mapear a situação do uso de drogas na Bahia.


Os dados atuais, de 2005, estão desatualizados. A ideia, segundo a superintendente, é que o novo órgão trabalhe afinado com o governo federal. “Claro que quem for assumir a nova superintendência vai determinar as diretrizes, mas ela deve ter um trabalho articulado com as secretarias de Segurança Pública e Desenvolvimento Social”.


Desafios não vão faltar ao novo órgão. Em Salvador, a Secretaria Municipal de Saúde conta apenas com dois Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), em Pernambués, e o CAPS 3, em Campinas de Pirajá, com 16 leitos, que prevê a internação de até 10 dias.


Segundo o gerente do CAPS 3, João Martins, há uma previsão de construção de mais dois CAPS 3, no Centro Histórico e em Itapuã. O gerente admite que a estrutura ainda é reduzida. “Não adianta trabalhar com saúde se não houver abrigamentos”, alerta.João Martins explica que a maior parte dos usuários de crack estão em situação de rua.


A prefeitura mantém projetos como o Consultório de Rua e o Capitães de Areia voltados à assistência nas ruas. “Há um projeto (em gestação) de um ponto de encontro, uma casa de acolhimento transitório para abrigar os usuários em processo de tratamento por três meses”, conta. Martins espera que a criação da superintendência estadual amplie a atuação nesta área, aproveitando para reivindicar espaços nos hospitais gerais para o tratamento de dependentes químicos.


Denise Tourinho endossa que uma das necessidades é a ampliação da rede de assistência. A proposta que a Superintendência de Prevenção e Tratamento do Usuário de Drogas herda da SADH é de ampliação da rede, tanto pública como por meio das comunidades de tratamento, associações de bairro e lideranças religiosas que já trabalham nesta assistência, que devem ser capacitadas para atuarem dentro da proposta da Senad.


“Toda a prevenção deve estar vinculada ao convívio social e à família”.A Junta Internacional de Controle de Narcóticos (Jife), das Nações Unidas, relaciona consumo de drogas, criminalidade e violência urbana.


O levantamento revela que grande parte dos 50 mil homicídios ocorridos anualmente no país está relacionada ao tráfico ou ao uso de drogas. Ainda conforme a pesquisa, divulgada por esta Tribuna no caderno especial de Carnaval, os meninos de rua que trabalham para o tráfico são frequentemente assassinados ou porque sabem demais ou porque são atingidos pelo “fogo cruzado” dos traficantes.

O secretário da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Almiro Sena, considera que, na primeira gestão, o governador Jaques Wagner promoveu avanços na prevenção e tratamento do uso de drogas que terão continuidade agora com a nova superintendência, que terá a missão de formulação de políticas públicas nesta área.


Encontros na Assembleia Legislativa e na Secretaria de Relações Institucionais, ocorridos na última quinta-feira, começaram a delinear as novas políticas. As audiências foram agendadas pelo deputado Pastor Sargento Isidório, que propôs a criação da superintendência.


“Antes, você tinha a polícia para reprimir, mas não tinha quem socorrer dependente químico pobre, sem recursos”, afirmou o parlamentar. Segundo Isidório, havia uma dúvida se deveria ser procurada a Secretaria da Saúde, de Desenvolvimento Social ou a SJCDH.


Ele próprio foi dependente químico há 18 anos e enfrenta atualmente um caso de uso de drogas. “Tive a sorte de ler a Bíblia, e, através da fé – uma ciência que os doutores não veem –, me afastar desta vida”, afirmou Sargento Isidório.

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