FONTE: MARIANA VERSOLATO, DE SÃO PAULO (www1.folha.uol.com.br).
Um estudo baseado no maior banco de dados do mundo sobre colocação de próteses de quadril reprovou as que são feitas só de metal.
SOBREVIDA.
A análise feita no estudo do "Lancet" levou em conta mais de 400 mil implantes de diferentes materiais, sendo cerca de 31 mil de metal-metal, entre 2003 e 2011.
Com uma taxa de revisão (cirurgia para a troca de algum componente do implante) de 6,2% dos pacientes em cinco anos, as próteses metálicas falharam mais rapidamente do que as outras.
Os resultados foram quatro vezes piores para as mulheres e, uma novidade, também foram ruins para os implantes com cabeças do fêmur mais largas.
Segundo o estudo, acreditava-se que o dispositivo com cabeça maior teria um desfecho melhor, mas os resultados mostraram o oposto. Já as de cerâmica tiveram um resultado mais favorável com as cabeças maiores.
CONSENSO.
Especialistas divergem sobre a proibição das próteses de metal-metal sugerida pelos pesquisadores.
"Muita gente acredita que a liberação de íons não cause nada, mas não se sabe o que pode acontecer a longo prazo. Eu nunca implantei prótese de metal-metal e acho que muita gente vai repensar suas práticas a partir desse artigo", diz Giancarlo Polesello, ortopedista, com especialização em cirurgia de quadril e artroscopia.
Já Luiz Sérgio Marcelino Gomes afirma que a sobrevida de cada prótese depende da recomendação. A metálica, afirma, tem indicação restrita: homens de 20 a 50 anos que praticam exercícios físicos, já que a prótese tem alta resistência a impactos.
"O uso tem que ser criterioso. O que precisa é ter a designação correta." Ele diz ainda que as reações acontecem em um percentual muito baixo dos pacientes.
Já Lafayette Lage, ortopedista especializado em cirurgia de quadril, ressalta que o estudo se refere à prótese de metal-metal com haste e não à metálica de recobrimento, que não tem essa estrutura.
"O problema é que a junção da haste com o cone provoca um desgaste violento." Ele explica que ela também solta íons metálicos, mas nenhum trabalho relatou maiores problemas por isso.
"Não é preciso ficar alarmado, mas tem de fazer um acompanhamento anual. Muitos só vão ao médico quando surge um problema."
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