FONTE: Sergio Toniello Filho, TRIBUNA DA BAHIA.
“É comum ver as financeiras enganarem os aposentados”. O relato da presidente da Federação das Associações de Aposentados, Pensionistas e Idosos (FEASAPEB), Marise Sansão, resume a situação denunciada pela Tribuna, de que aposentados estavam endividados por conta de empréstimos. Marise considera o problema “gritante” e revela que não há nenhuma política governamental que proteja o idoso de cair em “armadilhas” feitas pelas financeiras.
“Muitos contratos não têm transparência, as letras são muito pequenas e maioria dos aposentados, em certos casos, não sabem ler e nem escrever. O aposentado acaba se tornando prisioneiro do empréstimo. Já tivemos algumas ocorrências em que chegaram aqui na associação pedindo a nossa ajuda, mas infelizmente não existe nenhum artigo no estatuto do idoso que nos defenda sobre essas armadilhas”, explicou Marise.
Entretanto, a presidente da Feasapeb disse que os juros altos não são somente para os aposentados. “Acredito que os juros são altos para todos que pretendem conseguir dinheiro emprestado. Porém, as financeiras criam maiores facilidades para que o idoso aceite a proposta. Mas na verdade não existe facilidade alguma. Frases como “crédito barato”, “melhores juros” e “melhores prazos” têm o objetivo somente de iludir. O aposentado deve ficar atento e fugir de propostas encantadoras e gentis de funcionários”, alertou.
Segundo um aposentado que não quis se identificar, algumas financeiras chegam a cobrar 30% de juros ao mês. “Hoje consegui me libertar desses problemas. Paguei tudo que eu devia a uma financeira. Estava atolado em dívidas, mas felizmente deu tudo certo. Não aconselho a nenhum aposentado fazer empréstimos em financeiras com taxas abusivas. As empresas dizem cobrar de 2% a 3% de juros por mês, mas a média das parcelas às vezes faz o valor ir para mais de 30% ao mês.”, declarou.
A reportagem de Tribuna percorreu um dos locais que concentra o maior número de estabelecimentos no ramo de empréstimos consignados, que é o bairro do Comércio. Os funcionários de três empresas não quiseram falar sobre o assunto e alegaram que os gerentes não se encontravam no local.
O coordenador do banco BMG, Henrique Marlon, informou que 80% dos clientes que procuram a financeira são aposentados. De acordo com Marlon, a depender do empréstimo, os juros variam de 1,8% a 2,3%, sendo que o valor pode ser dividido em até 85 vezes.
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