sábado, 12 de maio de 2012

NOVA TÉCNICA FACILITA DOAÇÃO DE RIM...




FONTE: Sergio Toniello Filho, TRIBUNA DA BAHIA.

Passar por uma cirurgia de transplante de rim não é uma tarefa fácil tanto para o receptor quanto para o doador. Apesar de ser uma alternativa bastante eficaz para o tratamento da insuficiência real crônica, o transplante de rim é considerado um procedimento doloroso. No entanto, uma nova técnica, chamada de laparoscopia, ainda pouco conhecida no Brasil, e que foi realizada na Bahia pela primeira vez no Hospital Espanhol, em Salvador, no final do mês abril, promete diminuir o sofrimento dos pacientes e a demora na recuperação.

De acordo com o coordenador do núcleo de urologia do Hospital Espanhol, Manoel Juncal, a técnica inédita no estado reduz pela metade o tempo de internação do doador de rim e a recuperação é muito mais rápida. “O doador de rim é uma pessoa extremamente saudável e que não teria necessidade de passar por intervenção tão grande quanto uma cirurgia. Utilizando a técnica de cirurgia tradicional, o tempo de internação do doador variava de três a cinco dias e o tempo de recuperação para voltar ao trabalho poderia ser de até 60 dias. Com o método menos invasivo, que passamos a utilizar com a nova técnica, o doador pode voltar para casa em dois dias e voltar ao trabalho em até uma semana”, explica Dr. Juncal.

Ainda segundo Juncal, a nefrectomia laparoscópica consiste na inserção de um tubo longo e fino para visualizar os órgãos abdominais, com uma câmera de vídeo. “O cirurgião vê os órgãos em um monitor e manipula instrumentos cirúrgicos dentro do corpo do paciente através de pequenas incisões. O rim sai intacto por uma incisão tipo cesária, com um corte de poucos centímetros. Além do trauma ser bem menor do que a cirurgia tradicional, o procedimento evita também as cicatrizes que geralmente podem prejudicar o paciente doador futuramente”.

Os primeiros pacientes baianos beneficiados pela nova técnica foram os irmãos Otávio e Sebastião Santana. Otávio, que é aposentado, foi o receptor, e Sebastião o doador. Segundo eles, ambos passam bem e se recuperaram rapidamente da cirurgia. “No dia seguinte ao da cirurgia já poderia sair do hospital. Estava fazendo tudo normalmente, porém tive que permanecer uns dias a mais por conta de procedimentos médicos. A cirurgia foi um sucesso. A minha família e os médicos se surpreenderam pela rapidez da minha recuperação e também a do meu irmão”, contou Otávio.

O aposentado lembra que antes de receber o rim do irmão fazia sessões de hemodiálise há dois anos e cinco meses. “Essa cirurgia foi um alivio. Eu tinha os dois rins ruins e agora estou muito melhor. Me livrei da hemodiálise, agradeço tudo ao meu irmão e ao novo procedimento que chegou na Bahia para aliviar o sofrimento de muitas pessoas”, declarou.

Feliz por ver o irmão recuperado, Sebastião já voltou à sua rotina de vida normal. “Foi um prazer imenso ter ajudado Otávio. Ele estava em uma situação péssima e surgiu a oportunidade de fazer a cirurgia sem dores e sem cicatrizes, não tinha como recusar. Trabalho como estoquista e já estou de volta à rotina de trabalho. Fiquei somente 15 dias de licença. Agora, apenas tenho que tirar alguns pontos no hospital”, comemorou.

A cirurgia laparoscópica de rim é realizada em diversos países, sendo que nos Estados Unidos as doações de rim aumentaram em mais 30% após a inserção da técnica. No Brasil, o procedimento atualmente é realizado somente em seis estados: Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Bahia e Ceará.

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