segunda-feira, 18 de junho de 2012

A SÍNDROME DO NINHO VAZIO...




FONTE: *** TRIBUNA DA BAHIA.

Sensação de casa vazia, refeições silenciosas, quarto sem uso. Em meio a este cenário, muitas mães associam a saída dos filhos de casa com a perda daquilo que consideram seu papel principal na vida: a maternidade.

Foi assim quando o filho caçula da dona de casa Helena Prudente Martins de Luna avisou que viajaria para a Austrália estudar inglês. Mesmo sabendo que dali a alguns meses Mario estaria de volta, ela teve dificuldade em aceitar a decisão do filho.

“Fiquei chateada, aborrecida, mas não demonstrava. Dei força para ele”, diz Helena.

O baque maior para a mãe veio quando Mario retornou do exterior e, tempos depois, anunciou que se casaria e mudaria para a Europa.

Bastante apegada ao caçula, a dificuldade em lidar com a situação foi grande porque Mario era o último a deixar a casa dos pais. Helena, também mãe de Marta e Marcelo, que já estavam casados há alguns anos, ficou deprimida, emagreceu dez quilos e precisou tomar medicamentos controlados. “Chorava à toa. Andava pela rua e achava que ia encontrá-lo”, conta.

Mães - Assim como Helena, muitas mulheres são acometidas pela chamada síndrome do ninho vazio, que se caracteriza pelo sofrimento dos pais quando os filhos deixam a casa. De acordo com um estudo realizado pela psicóloga Adriana de Castro Ruocco Sartori, que atua no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo e concluiu uma tese de mestrado sobre o assunto, o problema acontece com ambos os sexos, mas são as mães que sofrem mais com a partida dos filhos.

Na pesquisa, Sartori entrevistou 46 pessoas, sendo 50% mulheres. A psicóloga constatou que quase a totalidade delas sofriam com a saída dos filhos de casa e de maneira mais intensa que os homens. “Elas têm mais dificuldade de ver o filho partindo”, afirma.

COMO LIDAR COM A "SEPARAÇÃO".

Diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, quando os filhos deixam a casa dos pais por volta dos 18 anos, no Brasil, a saída do lar é motivo de sofri-mento para muitos pais e mães, especialmente aqueles que se dedicaram de modo quase que exclusivo à educação dos filhos. “Isso acontece porque boa parte das pessoas se vê ‘de-sempregada’ da função de pais com a partida dos filhos”, comenta Sartori.

O psicólogo Luiz Cuschnir, que se depara com o problema a todo momento no Gender Group, grupo de psico-terapia focado em problemas de gênero do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, concorda. “São casos de mulheres que se fecharam para o mundo, dedicando-se exclusivamente e só se alimentando afetivamente dos filhos”, explica.

Ele diz que nas sessões de psicoterapia do grupo procura resgatar nas pacientes os papéis abandonados de cada uma, recuperando suas histórias de vida e seus momentos mais importantes. “É como se acordássemos essas mães de novo para os seus desejos”, ressalta Cuschnir.

Vida do casal - Além de quadros de-pressivos, a síndrome do ninho vazio também pode afetar a vida conjugal. Com a saída dos filhos de casa, a família ganha um novo formato e muitos casais sofrem porque se dedicaram tanto aos filhos que não se “encontram” novamente como parceiros. Por outro lado, Cuschnir explica que a situação também pode afetar positivamente o rela-cionamento. “O casal pode passar a conviver mais e se aproxima.

Eventualmente, aos parceiros até aprendem a depender mais um do outro, criando rotinas que podem ser saudáveis para a recuperação da intimidade e vivendo novas experiências em conjunto”, diz o psicólogo.

Neste processo de recuperação de identidade, trabalhar, estudar, praticar esportes, fazer serviços voluntários e ter outras atividades prazerosas é, sim, um meio de lidar a síndrome do ninho vazio.

*** IG.

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