terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A FALTA DO MEU PAI...

Hoje está completando exatos vinte e dois anos que meu pai o homem depois de DEUS que eu mais amei na minha vida, apesar de todas as turbulências que enfrentamos juntos, foi e continuará sendo meu herói, mesmo não sendo meu pai biológico (este não faço nenhuma questão de conhecer se é que ainda está com vida em algum lugar deste País) ao seu jeito sempre me amou e eu não dei a ele o amor que me deu quando era criança só vim reconhecer isto já com meus dezessete anos, mas ele entendeu tudo e dizia que na infância e adolescência fazemos coisas que fogem ao nosso alcance pela falta de experiência.

As surras foram muitas, mas todas para o meu próprio bem caso contrario hoje não seria metade do que sou, agradeço muito a DEUS por tudo que ele fez por mim, em janeiro de 1991 ele começou a sentir adoentado, coisa que eu de sã consciência nunca tinha visto pois ele era uma verdadeira “pedreira” não sentia um dor de cabeça quando alguém chegava em seu bar se queixando ele logo receitava: para dor de cabeça uma “branquinha” (cachaça), dor de barriga “gengibre”, dor de dente “dandá” , quando alguém dizia estar gripado ele logo aconselhava “alcatrão com leite e limão” sempre dizia aos amigos e pessoas da família, não sinto nada graças a DEUS e no dia que me verem doente podem preparar que estou morrendo

Sempre “brigava” com aquelas pessoas que andavam se queixando doentes e quase todos os dias procurava médico e gastava muito com remédios de farmácia, dizia que o melhor era o remédio feito em casa, comigo as “brigas” eram quase sempre por causa de futebol.

Ele um flamenguista (rubro negro) roxo e eu fluminensista (tricolor) até hoje, em dias de clássicos ele chegava mais cedo para juntos vermos os gols do Fantástico caso o Flamengo vencesse se desse o contrário eu tinha que pegar ele de jeito pra fazer gozação. Lembro-me como se fosse hoje na decisão do campeonato brasileiro de 1980 entre FLAMENGO x ATLÉTICO MG, um dos maiores e mais bonito jogo que tive a felicidade de acompanhar pela TV, ele me disse que se o seu rubro negro fosse campeão me faria comer ração de “galinha” levei a coisa na brincadeira e à noite ao final do jogo não é que tive mesmo que comer ração, já que o Flamengo venceu por 3 x 2 em um gol do sergipano Nunes que entortou na lateral do campo o zagueiro atleticano colocando no canto direito do goleiro João Leite. Naquele dia as duas equipes proporcionaram aos torcedores um jogo para quem tinha nervos de aço e ele ali firme acreditando na vitória do seu time até quando Nunes fechou o caixão do galo. O Nunes fez duas vezes e Zico um para o time carioca. Coube a Reinaldo mesmo jogando com o joelho “baleado” marcar os dois do time mineiro, tive que suportar gozação por mais de seis meses, até que no primeiro FLA x FLU, depois daquela decisão o Flu aplicou quatro a um e ele teve que ficar quieto mas não por muito tempo por que no segundo jogo entre rubro negro e tricolor ele levou a melhor vencendo por dois a um.

Meu Pai meu herói, era árbitro de futebol, quando pequeno sempre me levava ao “velho e extinto estádio Aníbal Brito” e eu sempre torcia contra o time dele o que o deixava muito contrariado é tanto que nunca torci para o seu Flamengo que tinha uma baita seleção, ou então para o Vasco de quem ele foi massagista por muito tempo.

Muitos dizem que ele um dos melhores árbitros que já tivemos na cidade, foi talvez um dos primeiros a fazer parte do quadro da Federação Baiana de Futebol, apaixonado por sua cidade e pelo time da mesma a Associação Desportiva Jequié, amante do esporte amador, nunca se negou a ajudar a quem o procurasse tanto dentro do futebol como fora dele. Em campo não escondia sua paixão pela Seleção de Jequié e ADJ, deixou por várias vezes a família em casa para acompanhar um dos dois em jogos fora da cidade e nunca se arrependeu.

Quando comecei a trabalhar em rádio na área esportiva fui um critico ferrenho dele principalmente quando errava seja como arbitro central ou bandeirinha (o hoje assistente), houve um amistoso entre ADJ x Catuense, no estádio de Jequié e o atacante Boy (que depois passou a ser chamado de Baiano) em impedimento recebeu a bola parou olhou para ele que era o assistente um (ou seja, o bandeira vermelha) que mandou seguir jogada, Boy fez o gol e a diretoria da Catuense foi toda para cima dele cobrar a não marcação no impedimento.

Na segunda feira, fiz severas criticas ao seu trabalho na partida e ele estava no seu estabelecimento comercial e não perdia um programa esportivo, neste dia um amigo dele (viajante) estava tomando uma cerva esperando sair o almoço e a tudo ouvia e começou a falar com ele: “BALEIA SE EU FOSSE VOCÊ OU SEU AMIGO IA TIRAR SATISFAÇÃO A ESTE CARA QUE ESTÁ NA RÁDIO FALANDO MAL DE VOCÊ, FALA COM SEU FILHO PARA VER O QUE ELE LHE DIZ”, neste intervalo encerrei o programa e fiz uma coisa que era muito raro, não fui para casa e sim para o bar chegando lá cumprimentei o cidadão e falei com pai e me dirigir para a cozinha onde estava minha mãe aprontando o almoço do viajante, falei com ela e retornei ao balcão e o rapaz continuava falando mal do apresentador esportivo, eu ouvia a tudo e ria por dentro, quando meu pai interrompeu o cidadão e fez as apresentações: “aqui está o meu filho mais velho”, o rapaz me cumprimentou citando seu nome e eu não disse o meu e muito menos o meu pai, ele virou-se e me ofereceu um copo de cerveja e começou: “RAPAZ SE EU FOSSE VOCÊ IA AGORA MESMO A ESTA RÁDIO QUE PAI ESTÁ OUVINDO E PROCURAVA UM CARA QUE ESTAVA ESCULHAMBANDO ELE, DIZENDO QUE ERA UM BANDEIRA FRACO QUE JÁ DEVERIA TER PARADO DE TRABALHAR EM ARBITRRAGEM E MUITO MAIS COISA, O CARA LEVOU MAIS DE VINTE MINUTOS NA RÁDIO SÓ CRITICANDO SEU PAI, COMIGO ISTO NÃO FICAVA EM BRANCO”, dei risada e meu pai então virou para o amigo dele e falou, “este foi o comentarista que estava me criticando há pouco na rádio”, o cidadão levou um baita susto de moreno, ficou branco, preto, vermelho enfim a cor que você quiser imaginar. Veio me pedir desculpas por ter dito tudo aquilo e finalizou: "SE FOSSE MEU FILHO EU BOTAVA FORA DE CASA" , quando meu disse a ele: “este é o trabalho dele, o importante é o respeito que ele me tem como pai e a consideração que temos um pelo outro”, ai foi que a “ficha” do viajante caiu e ele entendeu que mesmo se fosse ele o criticado não deveria agir como estava dizendo pois abaixo de DEUS e acima de coisa qualquer coisa na terra deve existir o respeito entre pai e filho e entre os seres humanos. E isto graças a DEUS sempre existe entre eu e meus pais.

EU NÃO PERDIR UM PAI, PERDIR UM AMIGO CONFIDENTE, UM VERDADEIRO HEROI, SÃO VINTE E DOIS ANOS SEM ELE AQUI DO NOSSO LADO, SE COM VIDA ELE ESTIVESSE EM JULHO JUSTAMENTE DE HOJE HÁ SEIS MESES ESTARIA COMPOLETANDO SETENTA E TRÊS ANOS, MAS COM CERTEZA ONDE ELE ESTIVER ESTÁ OLHANDO E ZELANDO POR MIM, MEUS IRMÃOS, MINHA MÃE, SEUS NETOS, ALÉM DE GENROS E NORAS.

QUE DEUS CONTINUE SE SERVINDO DELE, POIS FOI DO PAI QUE ELE VEIO FOI PARA O PAI QUE ELE RETORNOU.

MUITA LUZ, PAULO LÉLIS DA SILVA, MUITA LUZ, PAULO BALEIA, MUITA LUZ HOMEM DO RELOJÃO. EU TE AMO…

Até hoje eu sinto A FALTA DE MEU PAI e você?

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