FONTE: Silvana Blesa, TRIBUNA DA BAHIA.
Desde que o ex-jogador Oscar Schmidt, maior
figura do basquete brasileiro, foi operado de um tumor maligno no cérebro, em
abril deste ano, muito tem se falado sobre o assunto. Oscar foi diagnosticado
com um tipo de câncer chamado glioma, localizado na parte frontal esquerda do
cérebro. A escala de agressividade desse tumor vai de 1 a 4, sendo o primeiro
benigno e o quarto, o mais grave. No entanto, embora um diagnóstico de tumor
cerebral pareça sempre assustador, é preciso ficar claro: nem todo tumor no
cérebro é câncer.
Segundo os especialistas, existem pelo menos
100 tipos de tumores que podem acometer o Sistema Nervoso Central (SNC). Eles
são classificados de acordo com sua localização exata, tipo de tecido
envolvido, se não são cancerosos, benignos ou malignos, etc. “É preciso
desmistificar e esclarecer que o diagnóstico de um tumor cerebral não é uma
condenação, e sim uma constatação. Sendo assim, fica claro que tumor não é
necessariamente câncer”, garante o médico neurocirurgião Paulo Porto de Melo.
O tumor cerebral é o crescimento anormal
de células dentro do crânio que leva à compressão e lesão de células normais do
cérebro. Podem ser “benignos” ou “malignos”, sendo que apenas estes são
denominados de câncer. “Eles são mais perigosos porque, com o crescimento do
tumor, outras estruturas do cérebro vão sendo comprimidas, e com isso pode-se
perder funções, como mover as pernas, ou ter a sensibilidade de um lado do
corpo prejudicada, por exemplo”, explica o neurocirurgião.
No entanto, na maioria das vezes
os diagnósticos de tumores cerebrais são benignos e eles têm cura. Eles
apresentam um crescimento organizado, mais lento e não invadem outros órgãos
próximos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, que classificou os tumores
cerebrais em 120 categorias diferentes, aproximadamente 98% deles são de
natureza benigna, enquanto apenas cerca de 2% são cancerosos.
O diagnóstico é feito através do
exame neurológico realizado pelo médico e por exames complementares,
especialmente a ressonância magnética ou a tomografia computadorizada, sem ou
com contraste. Melo explica que os sinais e sintomas dos
tumores cerebrais são muito variados e dependem, principalmente, do local da
lesão. Podem incluir dor de cabeça, convulsões, fraqueza ou dormência em um dos
lados do corpo, alterações da fala e da consciência. Geralmente, os sinais e
sintomas se desenvolvem lentamente, mas costumam ser progressivos, ou seja, vão
piorando com o passar do tempo.
“Às vezes pode ocorrer sem nenhum
sintoma com tumores que crescem lentamente por anos. Eventualmente, o tumor
começa a exercer pressão sobre o cérebro e isso leva a dores de cabeça e
convulsões. Ainda que nem todos os tumores cerebrais sejam câncer, como o
crânio é uma “caixa fechada”, mesmo os tumores benignos do SNC podem ser muito
graves, pois comprimem estruturas vitais do cérebro”, completou o médico.
Tratamento
multidisciplinar.
Conforme Melo, o tratamento,
então, é feito de modo multidisciplinar, com a decisão conjunta entre um
neurocirurgião, um radioterapeuta e um neuro-oncologista. A combinação
individualizada das diversas modalidades de tratamento (cirurgia, radioterapia,
tratamento sistêmico) oferece as melhores possibilidades terapêuticas aos
pacientes. Principalmente no caso do tumor benigno, a localização assume importância fundamental,
além da idade do paciente. Eles podem precisar ser ressecados ou apenas
acompanhados, podem beneficiar-se de quimio ou radioterapia ou ser totalmente
curados com a remoção cirúrgica.
“A palavra tumor assusta qualquer pessoa.
Assusta mais ainda quando é no cérebro. Mas, felizmente, nos dias de hoje, o
avanço da tecnologia e os conhecimentos desta doença trouxeram mais esperança
para os pacientes e seus familiares”, garante Paulo Porto de Melo. “A melhor
solução é procurar um neurocirurgião de sua confiança, ou referenciado por
alguém que lhe inspire confiança, para que uma avaliação criteriosa seja feita
e a história natural da lesão e opções de tratamento sejam claramente
discutidas”, completa.
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