FONTE: JOANA CUNHA, DE NOVA YORK (www1.folha.uol.com.br).
O projeto de um novo produto
desenvolvido com a pretensão de impedir estupros levantou, nas últimas semanas,
milhares de dólares em doações e gerou polêmica entre feministas nos EUA.
Trata-se de uma calcinha. O
protótipo da peça, feita de um tecido altamente resistente, cuja trama não pode
ser rompida por lâminas e tesouras, inclui uma espécie de cadeado acoplado à
cintura.
A roupa íntima dispensa
chaves, mas só pode ser retirada do corpo pela própria usuária, por meio de um
segredo que precisa ser memorizado. Se a dona esquecê-lo, pode ficar em apuros
quando precisar ir ao banheiro.
A linha inclui itens de
vestuário esportivo e modelos com design que lembra calcinhas comuns. A ideia é
dificultar o crime e dar mais tempo para a chegada de socorro.
Chamado de AR Wear (as
iniciais são para 'antiestupro' em inglês), o protótipo foi apresentado no
Indiegogo, site que lista negócios empreendedores em busca de financiamento
coletivo.
Já levantou mais de US$ 40
mil (R$ 92 mil) e dezenas de críticas de feministas na mídia local.
Segundo os idealizadores, os
recursos serão investidos em produção e tecnologia. Os primeiros modelos devem
ficar prontos em julho.
O texto de apresentação do
projeto diz que a peça transmite ao estuprador a "mensagem clara de que a
mulher não está consentindo". Mas esse conceito desagradou a feministas,
que afirmam que os fundadores da ideia "sugerem que a mulher é
parcialmente responsável, por não recusar o ato com clareza".
"Estupradores sabem o
que não é consentido. O homem não é burro a ponto de não entender quando a
mulher não quer", afirmou a feminista Louise Pennington em artigo no
"Huffington Post".
A AR Wear responde que não
pretende atribuir à mulher a responsabilidade de evitar o crime. "O único
responsável pelo estupro é o estuprador. O produto só oferece mais uma
ferramenta de defesa."
O item é recomendado em
situações como festas, em que a mulher pode se tornar vulnerável por
embriaguez, e viagens a países desconhecidos.
Evitando emitir sugestões
sobre como a vítima deve proceder se o agressor estiver armado, a AR Wear diz
estar ciente de que sua ideia não será capaz de atingir uma solução universal
para o problema.
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