FONTE: Amanda Sant'Anna, TRIBUNA DA BAHIA.
Nos últimos cinco anos, o
programa de transplantes da Bahia tem evoluído consideravelmente
com aumento do número de doação e de transplantes superior que
chega a 200%. De acordo com o coordenador da Coset - Coordenação da Central
Estadual de Transplantes -, Eraldo Moura, o aumento se dá graças aos
investimentos feitos pelos governos estadual e federal e ao maior envolvimento
dos profissionais de saúde.
Somente nos últimos dois anos,
cerca de 1.400 pessoas foram diretamente beneficiadas com o
transplante na Bahia, além das suas famílias que também têm um benefício indireto
com a qualidade de vida do familiar transplantado. Dentro dessa estatística, o
coordenador da Coset, Eraldo Moura, lembra que 410 doações foram entre
múltiplos órgãos e córneas.
Dados do Ministério da saúde comprovam essa
disposição que os brasileiros têm tido em doar órgãos. A negativa para doação
caiu de 80%, em 2003, para 45%, em 2012 e nos últimos dez anos, o número de
doadores dobrou, passando de 6,5 por milhão de pessoas para 13,5 por milhão de
pessoas em 2013. A meta é chegar a 15 doadores por milhão até 2014. Os dados
revelam também queda de 40% na quantidade de pessoas na fila de espera por
transplantes nos últimos anos. Em 2008 havia 64.774 pessoas na fila, em 2013,
são 38.759.
Entre os beneficiados que se
encontravam na fila de espera, o motorista de 40 anos, Jorge Barbosa, recebeu a
doação de um rim há 1 ano e 2 meses e garante que renasceu de novo: “Quando a
gente faz o transplante é como se estivesse recebido uma nova vida. Assim como
eu que nunca perdi a esperança, todos que estão na fila precisam acreditar e
perseverar, jamais desistir, pois todos serão beneficiados sim, nem que pra
isso precise esperar por 10 anos”, garantiu.
Órgãos.
Entre os órgãos que mais salvam
vidas, Moura revelou que coração, pulmão e fígado disparam na frente, já o rim
e tecidos (córneas, ossos e pele) melhoram a qualidade de vida, podendo em
situações específicas, também, salvar vidas. E foi pensando em salvar vidas que
Maria José, mãe do jovem
André de 19 anos, morto há seis meses, decidiu doar os órgãos do filho. Segundo
ela, seis vidas foram salvas, o que a conforta pela morte do filho:
“Coração, córnea, fígado, rim e muitos
outros órgãos do meu filho devolveram a vida de seis pessoas desesperadas por
viver. A doação que fiz me deu a garantia de que um pedacinho do meu filho está
vivo em cada um desses transplantados. A sociedade precisa sentir um pouco
desse ato de generosidade que pratiquei e perceber que ao invés de enterrar
vidas deve-se salvar vidas com a doação de órgãos”, contou.
Para aqueles que têm o mesmo desejo da mãe
do André, Moura lembra que, antes mesmo da morte, é necessário avisar a família
sobre a vontade de ser um doador: “Precisamos dialogar mais sobre o tema para
que mais vidas possam ser salvas. Temos feito passeatas e outros movimentos de
rua com objetivo de estimular a população a dialogar sobre a temática doação de
órgãos e tecidos. Atualmente não é necessário registrar em nenhum documento a
vontade de ser doador, basta ter vontade e informar a família para que no
momento da morte esta autorize a doação”, explicou.
O coordenador da Coset explicou ainda que o
programa de transplante atende a todos os hospitais do Estado, porém são
mantidos grupos de apoio à doação no HGE (Hospital Geral do Estado), Roberto
Santos, Ernesto Simões, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Itabuna e
Ilhéus e Teixeira de Freitas: “Estes grupos têm profissionais na sua maioria
médicos e enfermeiros para buscar potenciais doadores, entrevistar as famílias
e acompanhar todo o processo, tudo com a supervisão e o gerenciamento da
Central de Transplantes e da Coordenação Estadual de Transplantes”.
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