FONTE: DE BRASÍLIA (www1.folha.uol.com.br).
O Ministério da Saúde vai
tornar obrigatória a realização de um teste mais sensível, denominado NAT, no
sangue doado para identificar material genético do HIV e do vírus da hepatite
C.
A medida, que institui o
teste tanto no SUS quanto na rede privada, estará em uma portaria, a ser
assinada amanhã, com novas regras para a doação de sangue.
Atualmente não existe tal
obrigatoriedade no país, mas, segundo o governo, a maior parte do sangue doado
já passa por essa testagem, que procura a presença do material genético de
diferentes vírus.
Uma parcela do sangue,
contudo, ainda passa por um teste que identifica apenas a resposta imunológica
do corpo à presença do vírus. Como a resposta pode demorar alguns meses, não
fica descartada a chance de o sangue estar contaminado e ser usado em
transfusões.
Dimas Tadeu Covas,
vice-presidente da ABHH (Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e
Terapia Celular), diz que estudos estimam em até 60 casos anuais de transmissão
do HIV por transfusões de sangue no país, o que pode ser contornado com a
adoção do NAT.
Segundo a entidade, a
exigência do teste, cobrada há anos por especialistas, foi anunciada por um
representante do Ministério da Saúde na noite de sexta-feira durante um
encontro de hematologistas em Brasília.
Procurada, a pasta confirmou
a assinatura da portaria, mas não deu os detalhes.
No mês passado, o Ministério
Público Federal em Campinas emitiu uma recomendação à pasta para que, no prazo
de 45 dias, tornasse a realização do exame obrigatória no Brasil.
Na recomendação, o MPF
afirmava que, se não fossem "adotadas as providências cabíveis", o
governo seria acionado judicialmente.
"O governo tinha o
argumento de que era um teste caro e precisaria racionalizar o uso do dinheiro
público, mas [o raciocínio] não pode estar antes da segurança dos pacientes que
recebem transfusão de sangue", avalia Dante Langhi, integrante da ABHH.
Ele diz que o teste poderia
ter sido adotado há mais de dez anos e que ainda é preciso evoluir, já que
existe um NAT que detecta hepatite B.
"Vamos continuar tendo
dois tipos de sangue: o mais seguro e o menos seguro. Os pacientes de
transfusão no SUS continuam sob risco maior para a hepatite B."
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