FONTE: Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
O Instituto Butantan vai produzir
uma versão acelular da vacina contra a
coqueluche para que mulheres grávidas possam ser imunizadas contra a doença a partir do ano que
vem. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 7
milhões de mulheres deverão ser beneficiadas com a vacinação.
Atualmente, a vacina contra
a coqueluche é disponibilizada somente para crianças, por meio do Calendário Nacional de Vacinação
do Ministério da Saúde. A cobertura contra a doença começa com a vacina
pentavalente, administrada aos dois, aos quatro e aos seis meses de vida. Além
da prevalente, a criança recebe dois reforços com a vacina DTP, que protege
contra difteria, tétano e coqueluche. O primeiro reforço deve ser administrado
aos 15 meses e o segundo, aos quatro anos.
Segundo o
Instituto Butantan, um acordo de transferência de tecnologia firmado com o laboratório GlaxoSmithKline (GSK) permitirá
a fabricação da vacina acelular no Brasil. O diretor do Butantan, Jorge Kalil,
disse que a versão atual da vacina, celular, é aplicada apenas em crianças
porque é tóxica para adultos. “Para evitar que as mulheres grávidas contraiam coqueluche e transmitam a doença aos
filhos, o governo federal resolveu fazer a vacinação das gestantes. E, para
fazer isso, precisa ser a vacina acelular”, explicou Kalil.
Causada pela bactéria Pertussis,
a coqueluche tem como principalsintoma uma tosse
desenfreada e incontrolável que, em casos graves, pode levar até mesmo à morte. “A vacina de Pertussis [a
DTP] existe há muitos anos no Brasil. A vacina [atual] de Pertussis é feita com
a bactéria inteira, o que é muito eficaz e dá uma imunidade muito longa”, disse
o médico.
Vacina.
De acordo com Kalil, empresas multinacionais desenvolveram outra vacina de Pertussis, sem a célula e
menos tóxica que a celular, para aplicação em adultos. “Essas empresas só
pegaram alguns componentes da bactéria e fizeram uma vacina acelular, que
imuniza menos e dá uma resposta mais fraca, mas menos tóxica. No Brasil, sempre
se usou a DTP celular [em crianças] e, nos adultos, quando era preciso reforçar
a imunização, dava-se a vacina de adulto, que é para difteria e tétano, mas sem
a Pertussis." O médico explicou que, quando aplicada no adulto, a
Pertussis celular "é muito tóxica, dá muita reação”.
Enquanto a nova vacina, acelular,
estiver imunizando gestantes no Brasil, informou Kalil, o Butantan estará em busca de uma
versão celular, menos tóxica e mais barata, para também poder ser
aplicada em adultos. “Fizemos um procedimento industrial, de baixíssimo custo,
em que tiramos a toxicidade. Só que isso não está pronto." Por isso,
acrescentou o médico, é que foi feito o acordo com uma "empresa
gigante", para que ela transfira ao Brasil a tecnologia da vacina
acelular. "Ao mesmo tempo, vamos continuar desenvolvendo a nossa celular
de baixa toxicidade”, informou.
Segundo o Ministério da Saúde,
4.361 casos de coqueluche foram confirmados no país até novembro deste ano, com
57 óbitos.
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