FONTE: JOHANNA NUBLAT, DE BRASÍLIA (www1.folha.uol.com.br).
Apesar de verem avanço na
nova estratégia de enfrentamento à Aids lançada pelo governo federal, médicos
fazem críticas à política nacional de combate à doença.
A maior preocupação é com a
forma como o governo lida com a epidemia entre jovens gays e prostitutas. O
tema mobiliza a bancada evangélica do Congresso, que pressiona contra campanhas
que vê como inadequadas.
No dia 1º, o Ministério da
Saúde anunciou que vai oferecer antirretrovirais a todas as pessoas infectadas
com o vírus, independentemente do estágio da doença.
O governo também vai testar,
no Rio Grande do Sul, a oferta dos antivirais para pessoas que não têm HIV mas
pertencem a grupos de risco --como prostitutas e gays.
Alexandre Grangeiro, pesquisador da Faculdade de Medicina da USP, vê a política de ampliar a testagem e a oferta de tratamento como adequada, mas critica a abordagem feita à população.
"Como a gente levaria
[mais pessoas] a realizarem o teste? Com políticas de afirmação, de direitos
humanos. E o governo interrompe essas políticas, suspendendo a propaganda do
Carnaval [de 2012, focada nos jovens gays] e a das prostitutas [em 2013]."
Caio Rosenthal,
infectologista do hospital Emílio Ribas, diz que é preciso mais investimento.
"Faltam mais especialistas, fazer mais campanhas. A questão dos
homossexuais é gravíssima."
Outro ponto controverso é a
proposta de fazer a rede de atenção básica do SUS participar do atendimento a
pacientes com HIV --hoje feito em centros especializados.
Jarbas Barbosa, secretário de
vigilância em saúde do ministério, diz que a ideia é aproveitar a rede básica
para ampliar a realização dos testes de HIV. A proposta, diz, não prevê acabar
com os centros de especialidade, mas integrar os dois serviços.
Rodrigo Pinheiro, presidente
do Fórum de ONGs/Aids do Estado de São Paulo, diz que há pacientes preocupados
com a eventual migração, diante da falta de estrutura da rede básica, e com a
ampliação do tratamento. "[É preciso] discutir se os serviços estão
preparados para essa demanda. O diagnóstico que temos é que não."
O ministério afirma que há
estrutura para absorver a nova demanda e que há campanhas focadas em segmentos
vulneráveis.
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