FONTE: *** Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
É só ver um filete de
água escorrendo pela torneira do banheiro que a vontade aperta e fica quase
insuportável prender o xixi. Às vezes, basta escutar o barulho da água: não
importa se é um singelo gotejar ou uma estrondosa cachoeira, a vontade vem
junto com o som. Entrar na água (no mar, na piscina, na banheira) também
desencadeia o desejo de urinar.
E às vezes a vontade
não precisa estar relacionada com água: perceber que você está chegando em
casa, ver um vaso sanitário na sua frente e até mesmo escrever sobre xixi (ui!)
também pode gerar uma gana incontrolável de eliminar toda a urina
inconveniente.
Isso acontece porque
nossa sociedade nos ensina, ainda crianças, a controlar a saída do xixi.
Aprendemos a prender o esfíncter que impede e saída da urina, e nos
condicionamos a usar o banheiro para aliviar a bexiga.
O nosso sistema
urinário é comandado parcialmente pelo sistema nervoso autônomo - também
responsável pelos batimentos do coração e os movimentos dos intestinos, por
exemplo, aqueles que você nem percebe. Só que a gente também consegue,
voluntariamente, controlar a bexiga. Ela é o único órgão controlado pelo
sistema nervoso autônomo que também conseguimos controlar "com a força do
pensamento".
Além disso, a bexiga
e a uretra estão conectadas ao sistema límbico - o centro das emoções do
organismo humano. Os desencadeadores da vontade de fazer xixi são nada menos do
que objetos e ações do dia a dia que provocam a ativação desse centro das
emoções no nosso subconsciente, lembrando que estamos com a bexiga cheia e é
preciso esvaziá-la. Se tivéssemos condicionado nosso cérebro a ter vontade de
fazer xixi a cada vez em que vemos a cor verde, por exemplo, teríamos as mesmas
vontades incontroláveis ao observarmos uma árvore ou um gramado. :)
Quando urinar é
incontrolável.
Ao nascermos, nosso
sistema nervoso ainda não está completamente formado, e o organismo
praticamente responde com reflexos. Crianças de até 2 anos "funcionam no automático":
se a bexiga está cheia, ela vai urinar sem pensar em contrair o esfíncter e
procurar o penico mais próximo simplesmente porque esse tipo de pensamento
ainda não pode ser desenvolvido.
Depois de cerca de
dois anos, a sociedade (principalmente a mãe e o pai) passam a treinar a
criança para ela começar a desenvolver a capacidade de segurar o esfíncter e
não fazer xixi na calça. É possível que, se os seres humanos nunca fossem
treinados para fazer xixi apenas em ocasiões consideradas corretas pela sociedade,
faríamos em qualquer lugar - como os outros animais.
Um indício dessa
possibilidade está nos países nórdicos. Enquanto no Brasil as crianças deixam a
fralda por volta dos dois anos, no norte da Europa os pais só treinam seus
filhos a segurar o xixi quando eles já estão com 4 anos de idade, em média.
Quem tem bexiga
hiperativa - uma doença que faz o sistema nervoso perder o controle sobre a
bexiga - também não consegue segurar o xixi. E a vontade incontrolável (e muito
desagradável) de fazer xixi pode surgir de 6 a 8 vezes por dia. Nestes casos, é
preciso procurar um médico urologista.
*** Fonte: Fernando Almeida, médico urologista e chefe
dos setores de Disfunção Miccional, Urologia Feminina e Urodinâmica da Unifesp.
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