FONTE: Rivânia Nascimento, TRIBUNA DA BAHIA.
Deitar e conseguir
dormir até o dia seguinte é um sonho para milhares de brasileiros que vivem
nas grandes cidades. O estilo de vida acelerado, cheio de prazos e
preocupações, é um dos maiores vilões da insônia. A elevada prevalência dos
distúrbios de sono na população geral acabou instituindo o Dia Mundial do Sono
que será celebrado no próximo dia 24 de março com ações de prevenção no combate
ao problema.
Deitar e conseguir dormir de 6 a 8 horas
consecutivas é um problema para mais de 40% da população, segundo dados da
Organização Mundial de Saúde (OMS). A insônia, o ronco e a apneia (parada
respiratória durante o sono) se tornaram distúrbios comuns na sociedade – e
muitas vezes negligenciados.
De acordo com a Dra. Monica Medrado,
pneumologista, diretora do Centro Especializado em Doenças
Pulmonares e Distúrbios do Sono (CEPS), o problema, associado aos hábitos da
sociedade moderna, levando à privação de sono, têm impacto negativo na saúde e
na qualidade de vida da população.
Estatísticas demonstram que de 30% a 40% dos
indivíduos, em alguma fase da vida, sofrerão de insônia, ou seja,
experimentarão dificuldade para pegar no sono ou para voltar a dormir, se
acordarem no meio da madrugada.
A segunda maior queixa, a mais
enfatizada pelas pesquisas, refere-se aos distúrbios respiratórios do sono,
especialmente ao ronco e, pesquisando-se mais a fundo, à apneia que dele
decorre. A especialista destaca que a medicina do sono vem desenvolvendo
estudos e atualmente 150 distúrbios já foram confirmados nas pesquisas. “Os
distúrbios são prevalentes. O que temos que ter em mente é que, ao surgir
queixas frequentes de sonolência diurna, isso é um sinalizador para algum tipo
de distúrbio do sono. Para diagnosticar com precisão o recomendado é buscar orientação de um
especialista”, alertou a médica.
Segundo a pneumologista, “a insônia é a
queixa mais frequente dos portadores de distúrbios do sono”, seguida da
síndrome da apneia, que é uma parada momentânea da respiração. É muito comum
quem dorme ao lado de alguém que ronca muito relatar o fato de a pessoa, de
repente, parar de respirar e acordar num sobressalto.
Esse susto é a resposta do sistema nervoso
central diante da falta de oxigenação do cérebro, que tenta defender o
organismo da hipoxemia. Esse tipo de problema atinge principalmente pessoas com
histórico de obesidade. Além de outros inúmeros transtornos do sono, como:
bruxismo (ranger dos dentes), terror noturno, despertar confusional, distúrbio
comportamental do Sono REM, sonambulismo e narcolepsia.
“Para chegar ao tipo de distúrbio é
necessário que o médico avalie a vida clínica do paciente através da
polissonografia, exame responsável por diagnosticar diversos distúrbios do
sono, além das apnéias e roncos. Assim como o diagnóstico da insônia,
sonambulismo, terror noturno, ranger de dentes (bruxismo), fibromialgia e
outros”, explica.
De acordo com Medrado, os distúrbios
respiratórios relacionados com o sono têm grande prevalência na população
geral. O ronco está presente em 30-40% da população com mais de 50 anos de
idade. Em estudo publicado avaliando roncadores habituais, com idades entre 40
e 98 anos, encontrou-se uma chance entre 3 e 4 vezes maior de apresentar
diagnóstico polissonográfico de Apnéia do Sono moderada a grave. “A obesidade é
o principal fator de risco para Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono, pois
aumenta o risco em 10 a 14 vezes”, relata.
Sintomas e cuidados.
Pacientes com distúrbios do sono usualmente
apresentam um ou mais dos seguintes sintomas: dificuldade para iniciar ou
manter o sono; movimentos, comportamentos ou sensações anormais durante o sono
ou nos despertares noturno; sonolência excessiva diurna.
As desordens do sono podem comprometer nível
de atenção e baixo desempenho cognitivo nas atividades acadêmicas e
ocupacionais. Alteração do humor, acidentes de trânsito, associação com
hipertensão arterial, doenças cardiovascular e cerebrovascular, obesidade
mórbida, diabetes, síndrome metabólica e depressão são algumas das
consequências dos distúrbios do sono.
Os profissionais de saúde devem estar aptos
a identificar pacientes com transtornos do sono e encaminhá-los ao especialista
para a instituição precoce do tratamento. Apesar das diferenças individuais
quanto às horas de sono consideradas necessárias, o limite mínimo de horas,
segundo a especialista, estar em torno de 5h30 e 6h 30.
Manter regularidade nos horários
de sono, otimizar o ambiente onde vai dormir com pouca luminosidade, atentar
para hábitos alimentares, abandonar tabagismo, evitar café e bebida alcoólica
antes de dormir são algumas orientações que fazem parte da higiene do sono e
asseguram uma melhor qualidade deste, segundo a especialista.
Para explicar a importância de combater este
problema de saúde pública, é celebrado, em março, o Mês Mundial do
Sono. Em Salvador, a data será comemorada no dia 24, com a palestra
“Cuide do seu Sono e Ganhe Qualidade de Vida”, promovida pela
cirurgiã-dentista Kenya Felicíssimo, única profissional da Bahia com
certificado em Odontologia do Sono.
O evento, destinado a leigos, acontece a
partir das 19h, no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura (Salvador
Shopping), e conta com a participação da fisioterapeuta Vivian
Morelli e dois médicos certificados em Medicina do Sono, Eduardo do
Nascimento e Thaisa Aguiar. A entrada é gratuita e
condicionada à lotação do espaço. Quem se inscrever previamente, através dos
telefones (71) 3353-3014 e 3354-0522, ou dos e-mails contato@kenyafelicissimo. com.br e salvador@audibel.com.br, garante a entrada no local, caso chegue até 18h30. É
sugerida aos presentes a doação (não obrigatória) de um quilo de
alimento não perecível, que serão destinados à Creche São Pedro Nolasco da
Paróquia Nossa Senhora da Luz.
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