FONTE: Noelle Marques, Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Ame-a ou deixa-a.
Este é o sentimento que a homeopatia causa tanto em especialistas quanto em
pacientes. Reconhecida desde 1980 pelo Conselho Federal de Medicina (Resolução
CFM 1000/80), a especialidade médica já é aplicada na rede pública de saúde
desde 2006, mas aparece, geralmente, como matéria optativa em poucas
universidades brasileiras, como a Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (FMUSP).
O tipo e a gravidade
da doença limitam o uso da homeopatia, sendo mais indicada para um tratamento
complementar e coadjuvante, já que os efeitos colaterais são muito baixos,
quando o medicamento é bem prescrito. "O grande papel da homeopatia é
junto a doenças crônicas, como alergias e enxaqueca. Na homeopatia, a gente
[médicos] consegue modular os aspectos emocionais, que não são tarjados como
doenças, mas que interferem na manifestação das doenças, como nas
alergias", diz o médico e pesquisador homeopata, pós-doutorando da FMUSP
Marcus Zulian Teixeira.
Criada em 1796 pelo
médico alemão Samuel Hahnemann (1755-1843), a homeopatia é fundamentada no
princípio dos semelhantes, isto é, o tratamento da homeopatia, tanto para
sintomas físicos quanto para psicológicos, é feito por meio de substâncias que
causam sintomas "semelhantes" aos da doença que será tratada e
estimulam o organismo a reagir contra a enfermidade.
Estas substâncias
provocam uma série de sintomas físicos e mentais no paciente, por isso, segundo
Teixeira, o médico precisa ter o conhecimento dos sinais e sintomas objetivos e
subjetivos do paciente, a fim de encontrar um medicamento individualizado e que
leve em consideração a totalidade de sintomas.
Placebo?
Um estudo de 2014 publicado na "Systematic Reviews"
analisou o resultado das cinco últimas revisões de ensaios clínicos sobre a
eficácia da homeopatia: quatro chegaram à conclusão de que ela tem um pequeno
efeito que difere do placebo. E a mais recente concluiu que as evidências não
indicam compatibilidade entre os medicamentos homeopatas e placebos.
A tendência atual da
medicina é buscar tratamentos personalizados para cada indivíduo, como dietas e
remédios feitos com base no DNA do paciente. E essa é exatamente a base da
homeopatia, onde o remédio para ter efeito deve ser feito para a pessoa,
pensando em como o paciente é e como reage a situações cotidianas, ao meio e às
pessoas que o cercam.
O que falta, de
acordo com especialistas, são pesquisas de alta qualidade em homeopatia
individualizada, que possa permitir uma interpretação mais clara sobre a
eficácia da especialidade e um debate científico mais informado.
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